Foto: Divulgação/Vale
Por risco de rompimento em barragem da Vale em Barão de Cocais, 500 pessoas foram evacuadas da cidade
Mesmo em meio a um cenário de riscos em Barão de Cocais (MG) e após a tragédia de Brumadinho (MG)
, que tirou a vida de pelo menos 243 pessoas no fim de janeiro, a Vale, empresa responsável pelas barragens que estão no centro de ambas as crises, continua a receber novos investimentos.
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Em nota distribuída nesta segunda-feira (27), a gigante do ramo de assessoria de investimento XP Investimentos recomendou a compra de ações da Vale
. A mesma manobra é também incentivada por outras consultorias especializadas, como a Nova Futura Investimentos.
A razão de os investidores manterem a confiança na empresa reside no alto valor atual do minério. Desde o acidente de Brumadinho, o preço da tonelada de ferro explodiu, conforme explica o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Com a crise que se seguiu depois do rompimento da barragem de Brumadinho, a oferta global do minério foi reduzida drasticamente, dado que a Vale é uma das principais produtoras da commodity. Assim, o valor da tonelada subiu de US$ 60 para US$ 105 desde janeiro, segundo destacou o economista.
"O investimento na empresa de mineração compensa mesmo considerando as futuras indenizações que a Vale terá de pagar”, afirma Pedro Silvério.
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Mesmo o atual cenário de crise iminente, com a constante movimentação no talude (muro de contenção) da cava da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais
(MG), ainda não foi capaz de derrubar o 'selo de bom investimento' da mineradora.
Parte do paredão que segura os 5,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério vem apresentando deslocamento de 21 centímetros ao dia, conforme o último boletim da Agência Nacional de Mineração (ANM).
O temor da Vale e das autoridades mineiras é o de que o iminente desabamento do talude provoque um tremor capaz de desencadear o rompimento da barragem Sul Superior da mina, situada a 1,5 quilômetro do paredão de contenção. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado, as chances de isso vir a acontecer é de até 15%.
"Acho que, mês que vem, vamos retirar nossa recomendação de investimentos”, prevê o economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
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Em preparação ao rompimento, a Vale já retirou centenas de famílias da área que pode vir a ser atingida. “A população já está em pânico. E, com o medo, o povo vai saindo mesmo”, afirma Geanini Hackbardt, assessora do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que acompanha a situação na pequenina cidade de Barão de Cocais.
Para ela, a remoção das famílias é, na realidade, "uma expropriação forçada". "Há suspeitas de que a Vale
queira remover todo mundo pra dominar o território, talvez até ampliar a mineração", conclui a assessora do MST.