![Por risco de rompimento em barragem da Vale em Barão de Cocais, 500 pessoas foram evacuadas da cidade Por risco de rompimento em barragem da Vale em Barão de Cocais, 500 pessoas foram evacuadas da cidade](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/an/0l/ey/an0ley8unprqeeblhninlvux6.jpg)
Mesmo em meio a um cenário de riscos em Barão de Cocais (MG) e após a tragédia de Brumadinho (MG) , que tirou a vida de pelo menos 243 pessoas no fim de janeiro, a Vale, empresa responsável pelas barragens que estão no centro de ambas as crises, continua a receber novos investimentos.
Leia também: Mesmo com tragédia de Brumadinho, Vale deve lucrar em 2019
Em nota distribuída nesta segunda-feira (27), a gigante do ramo de assessoria de investimento XP Investimentos recomendou a compra de ações da Vale
. A mesma manobra é também incentivada por outras consultorias especializadas, como a Nova Futura Investimentos.
A razão de os investidores manterem a confiança na empresa reside no alto valor atual do minério. Desde o acidente de Brumadinho, o preço da tonelada de ferro explodiu, conforme explica o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Com a crise que se seguiu depois do rompimento da barragem de Brumadinho, a oferta global do minério foi reduzida drasticamente, dado que a Vale é uma das principais produtoras da commodity. Assim, o valor da tonelada subiu de US$ 60 para US$ 105 desde janeiro, segundo destacou o economista.
"O investimento na empresa de mineração compensa mesmo considerando as futuras indenizações que a Vale terá de pagar”, afirma Pedro Silvério.
Leia também: Deslocamento de paredão da Vale aumenta e eleva riscos em Barão de Cocais
Mesmo o atual cenário de crise iminente, com a constante movimentação no talude (muro de contenção) da cava da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), ainda não foi capaz de derrubar o 'selo de bom investimento' da mineradora.
Parte do paredão que segura os 5,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério vem apresentando deslocamento de 21 centímetros ao dia, conforme o último boletim da Agência Nacional de Mineração (ANM).
O temor da Vale e das autoridades mineiras é o de que o iminente desabamento do talude provoque um tremor capaz de desencadear o rompimento da barragem Sul Superior da mina, situada a 1,5 quilômetro do paredão de contenção. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado, as chances de isso vir a acontecer é de até 15%.
"Acho que, mês que vem, vamos retirar nossa recomendação de investimentos”, prevê o economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Leia também: "Não aceito mortes", diz prefeito de Barão de Cocais, ameaçada por barragem
Em preparação ao rompimento, a Vale já retirou centenas de famílias da área que pode vir a ser atingida. “A população já está em pânico. E, com o medo, o povo vai saindo mesmo”, afirma Geanini Hackbardt, assessora do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que acompanha a situação na pequenina cidade de Barão de Cocais.
Para ela, a remoção das famílias é, na realidade, "uma expropriação forçada". "Há suspeitas de que a Vale queira remover todo mundo pra dominar o território, talvez até ampliar a mineração", conclui a assessora do MST.