Xará da famosa atriz francesa da década de 40, a gaúcha da pequena cidade de Montenegro, nasceu em uma família simples. Por fatalidade, Simone Simon não pode conviver com o pai desde a infância, mas acredita que herdou dele a facilidade com idiomas e o gosto pelo estudo.
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Por ironia do destino, Simone Simon foi criada em uma pequena loja e tomou gosto pela área comercial. Desde os três anos de idade já perambulava pelo bazar da Dona Alda, sua mãe, ainda criança já auxiliava no atendimento à clientela.
NEGOCIANDO A FERRO E FOGO
Ao concluir o colégio, Simone teve a árdua missão de convencer a mãe sobre a escolha pela faculdade de nutrição, que, contrária a ela, preferia que a filha se tornasse advogada. “Por sermos do interior do Rio Grande do Sul, minha mãe tinha receio que pudessem me passar a perna, por isso ela insistia para que eu me tornasse doutora”, relembra Simone.
Mesmo sabendo disso, não abriu mão de fazer valer a própria vontade, e como a mãe não queria custear o curso que não fosse o de direito, Simone resolveu apelar na escolha. Com poucos recursos, já que não teria o apoio financeiro, deu entrada na solicitação de crédito estudantil, porém Dona Alda não se mostrava a favor de assinar o termo.
A vontade pela carreira escolhida persistia, a ponto de procurar um juiz que pudesse assinar a autorização do financiamento do crédito educativo para o curso de nutrição, já que a mãe se recusava. Diante desse embate, que teve que chegar ao limite e, mesmo sem conhecer as técnicas de negociação, Simone entrou em acordo com a mãe e, enfim, pôde continuar os estudos.
Após alguns anos, Simone lembra da situação e vê o quanto poderia ter lidado com esse conflito de outra forma, porém o amadurecimento nas negociações veio de forma gradativa. Mudou de área, cursou MBA em marketing pela FGV, fez mestrado em gestão internacional pela UPMF, na França, e passou novamente, a conviver com o mundo dos negócios.
DE DURONA NAS NEGOCIAÇÕES A ESPECIALISTA
De volta ao Brasil, após um insistente convite de uma amiga, Simone decidiu assistir a primeira aula da especialização em negociação pela FGV, período suficiente para se encantar de vez pelo tema e se aprofundar mais no assunto. Ao concluir a etapa, surgiu o convite para ir estudar o universo da resolução de conflitos na Harvard Law School, nos EUA. “Depois que fui estudar mais sobre o tema, percebi o quanto agia errado no passado, negociar não é uma queda de braço, é relacionamento, é interação, é entender de fato o outro lado, para que a partir daí ambos possam ganhar”, comenta Simone.
Atualmente, Simone coordena programas internacionais na FGV/ Decision e leciona nos cursos de pós-graduação e de MBA na instituição. Além disso, percorre o Brasil como palestrante, levando reflexões que são capazes de melhorar o nível de excelência no atendimento ao cliente, ajudar líderes a serem mais eficazes e inspiradores dentro do campo de atuação. Pensando nisso, Simone, uniu parte das diferentes experiências e ensinamentos que adquiriu ao longo da carreira, e descreveu, com didática envolvente, a arte de negociar em seu primeiro livro Faça ser fácil (ed.Gente), lançado recentemente na Bienal Internacional do Livro, em São Paulo.
*Antonio Luis, especial para o Brasil Econômico.