Qual é o jeito certo de escrever um texto de estreia numa coluna – que leva o seu nome – em um dos principais portais de notícia do Brasil? Me fiz esta pergunta umas 30 vezes nos últimos dias. Rodei, rodei e cheguei a uma palavrinha de três sílabas e trilhões de possibilidades, que insiste em se provar imbatível.
Conexão .
Quem convive comigo sabe que eu estou sempre defendendo essa ideia. E olha eu aqui, começando uma aventura que prova, mais uma vez, o poder que ela tem. Para começar, se não fosse por amigos que fiz na estrada do jornalismo eu nem estaria aqui escrevendo para você.
Então se esta coluna fosse um tuíte e eu só tivesse uma chance, lhe daria apenas um conselho: Não importa quem é você ou o que você faz, crie conexões o tempo todo. Elas são sua ponte para o que você deseja alcançar.
Para começo de conversa, foi a minha amizade de longa data com o Tom Bueno, um jornalista fantástico e também colunista do iG , que me deu a chance de conversar com o Thiago Calil, chefe de redação do portal. Desde o primeiro papo – que pela proximidade de ideias e princípios parecia o vigésimo – fui tomado por uma sensação gostosa de que estou ingressando numa fase legal da minha carreira.
Na última conversa que tive com o Thiago, para ajustar a data de estreia desta coluna, terminamos o diálogo trocando um “tô feliz”, dito por ambos. Sinal de que começamos bem, com a mesma energia na nova parceria.
O meu “tô feliz” eu posso explicar.
Eu tenho 36 anos, 20 dos quais dedicados ao jornalismo (contando a faculdade), e sempre fui apaixonadíssimo pela profissão. Desde que decidi que queria ser repórter de campo de futebol para poder entrevistar os craques do Timão – na época eram craques mesmo, taokey? – até hoje, com uma carreira totalmente diferente do que, lá no começo, eu imaginava que seria.
Eu nunca deixei de gostar dessa maluquice chamada jornalismo, que eu costumo comparar com live NPC, porque só quem ganha dinheiro com isso é capaz de entender. (Se você não sabe o que é, NÃO procure saber. Te juro que não vale a pena). Só que há pouco mais de três anos eu não estava vivendo o auge do meu amor pela profissão, tanto que resolvi abrir mão das redações de TV – em pleno início de pandemia.
Me chame de louco, mas é que já transbordava de mim o cansaço de defender ideias que não me representavam e, verdade seja dita, sentia que trabalhava demais e ganhava de menos, ainda mais no meio da loucura que foi aquela cobertura da covid-19. E aí pedi conta da minha última TV, a Globo Goiás, e mergulhei de cabeça em outro negócio de gente doida, que é o empreendedorismo. Mas isso é papo para outro dia.
Fato é: eu realmente não sabia se um dia voltaria a ter esse compromisso profissional com algum veículo de imprensa. Até hoje.
Quando surgiu o primeiro papo com o Tom, sobre essa possibilidade de estar aqui, eu pesquisei, para entender a origem e a história deste portal. E aí acabei me conectando (olha aí ela de novo) de verdade com o que o iG representa pra comunicação do nosso país.
Se você tiver a minha idade ou mais vai lembrar que, na época das conexões discadas e daquele barulhinho impossível de redigir, o iG foi um dos primeiros portais do Brasil a oferecer internet de graça.
Ou seja, já nasceu defendendo outra coisa em que eu acredito demais: a democratização da comunicação, do acesso à informação.
É muito legal e relevante para um repórter aventureiro estar aqui, ainda mais depois de cansar de fazer plantão em porta de delegacia, de terno e gravata, embaixo de sol quente, almoçando marmita no colo e suando igual a tampa dela.
Entendeu o “tô feliz”?
E se você, aí do outro lado da tela, também passa uns perrengues na sua profissão (aposto que sim) quero te lembrar que sempre existem os dias de luta e os dias de glória.
Olha o meu hoje: feriado de Finados e eu escrevendo este texto sentado numa cadeira de boteco, cercado pela natureza e pelos meus cachorros, Nala e Eugênio (um dia conto a história deles). Atrás da tela do meu notebook tem um gramadão, um pomar com acerola, bananeira e um pé de limão. E lá embaixo, a uns 100 metros da minha mesinha improvisada, uma pequena represa completa o cenário. Lá no alto, o solzão de Goiás, que já me castigou em tantas pautas, continua brilhando forte como sempre, mas hoje perdendo a batalha pra uma mangueira linda que faz uma sombra enorme, exatamente em cima de mim e deste lugar que escolhi pra escrever.
É um dos meus lugares preferidos no mundo, a chácara dos meus sogros, que fica numa cidade perto de Goiânia, onde eu moro.
Mas me gabar seria um jeito péssimo de começar a nossa relação, caro amigo leitor, e esse definitivamente não é meu objetivo.
Estou te contando essa história por um único motivo: pra te dizer que estar aqui hoje, na condição de colunista do iG, escrevendo embaixo de uma mangueira, faz parte do meu processo de transição profissional em direção ao caminho que eu escolhi, a minha transformação.
Outra palavra que eu amo, defendo e que, no fim das contas, será sempre o grande tema desta coluna.
Por aqui vou dividir contigo toda semana um pouco da minha vida no jornalismo e os meus desafios como empresário. Vou te contar histórias reais de pessoas comuns, como eu e você, que geraram verdadeiras revoluções.
Vou tentar te inspirar e, acima de tudo, te ajudar a entender a transformação que a comunicação é capaz de gerar. Aliás duas palavras que, não por acaso, terminam em “ação”.
Foi agindo, me conectando e contando minha história por aí que conquistei meu lugar ao sol.
Ou, no caso de hoje, à sombra... e na companhia de milhões de pessoas que acessam o Portal iG todos os meses.
Fazia tempo que não me sentia tão bem-acompanhado.
Até a semana que vem!