Quando falamos de investimentos, há muitos indicadores econômicos. E está errado quem pensa que, em investimentos, eles são irrelevantes: temos investimentos com rendimentos ligados ao CDI, IPCA, IGPM…
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Sim, a sopa de letrinhas é grande. Inclusive, ela é, muitas vezes, a grande responsável por afugentar todos os pequenos investidores que estão começando só agora a criar o seu interesse nos investimentos. Para aqueles que ainda se propõem a enfrentar, outro problema: é comum cometer o erro de realizar análises brutas e comparar, de forma errônea, o rendimento das várias aplicações disponíveis.
É preciso, porém, nos preocuparmos com alguns outros detalhes que fazem toda a diferença no final.
Para deixar sua escolha mais certeira, é importante conhecer o desempenho da taxa de juros e também dos mais diversos indicadores econômicos que ditam alguns investimentos. Será que você conhece bem todas essas variáveis e as suas consequências para o mercado?
Comecemos, então, pelo arroz com feijão: O CDI.
CDI: o que é
CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário. Explicando de uma forma mais simples que a usual, O CDI nada mais é que um título que serve como um empréstimo de um dia para que alguns bancos não fechem com o seu caixa negativo.
Justamente por isso, o CDI desempenha um papel importante para as instituições bancárias, já que fechar o caixa com o saldo positivo é uma determinação do Banco Central. Como, eventualmente, estas instituições acabam entrando em situações que o seu caixa fica negativo, elas resolvem o problema de desequilíbrio entre saques e depósitos, em determinados dias, por meio desse tipo de transação.
Mas a função e importância de um Certificado de Depósito Interbancário vai além do seu papel para trazer equilíbrio. Isso porque muitos investimentos e fundos adotaram o CDI como parâmetro para a sua rentabilidade.
Se você entrar em uma corretora de valores, podendo ser dentro de uma instituição bancária ou em uma independente, provavelmente você irá se deparar com algum desses investimentos. Por exemplo, não será difícil encontrar um fundo de investimento X rendendo valores como 105% do CDI, ou um fundo de investimento Y que rendeu 90% do CDI.
Isso mostra que, mais do que uma ferramenta dos bancos, o CDI também se tornou muito importante para o investidor comum. Mas qual é sua real importância?
A importância do CDI para o investidor
Como dissemos no tópico anterior, vários tipos de fundos de investimento passaram a adotar a variação do CDI. Essa é uma forma de “dar preço” e determinar a rentabilidade ao dinheiro de empréstimos e aplicações. Por isso, a “real” importância do CDI para o investidor se dá, em grande parte, justamente à sua utilidade como um indicador de referência para os investimentos.
Muitos investimentos que rendem abaixo do CDI, ou seja, abaixo dos 100% do CDI, acabam não compensando realmente.
Por isso,um rendimento acima do CDI pode ser uma boa notícia para quem gosta de colocar recursos em títulos de renda fixa (aqueles com mais previsibilidade de rendimento).
Mas qual a diferença entre CDI e Taxa Selic?
Existe uma diferença crucial quando tratamos das duas taxas:
O CDI é um produto comercializado entre bancos, já que não podem comprar CDBs ou qualquer título comercializado no mercado bancário. É um produto exclusivo das instituições bancárias da qual, como eu expliquei, atendem necessidades deles enquanto instituições financeiras.
Já a Selic, num geral, serve mais como a taxa básica de juros da economia. Ela serve como base para diversas aplicações e finalidades - uma delas, inclusive, é o próprio CDB. Por isso, investidores que já estão a um tempo maior no mercado financeiro já percerberam que a taxa do CDI e a taxa Selic tem uma ligação íntima.
No mais, a taxa Selic também é um tipo de taxa utilizada quando um banco empresta dinheiro para outro banco com prazos curtíssimos (geralmente 24h). Normalmente usam-se como garantia títulos públicos de sua posse.
Essas transações, claro, alteram as taxas de juros praticadas em produtos que vão além do CDI. Um bom exemplo disso são os títulos do Tesouro Direto adquiridos por pessoas físicas ou jurídicas, diretamente do governo. Ao longo do tempo esses títulos rendem conforme a variação da Taxa Selic.
Você viu?
O IPCA
IPCA é a sigla para índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. É o índice mais utilizado para medir a inflação no país. Apesar de não ser exatamente a inflação, é um índice do qual procura nos informar, a cada 30 dias, o aumento em porcentagem dado à uma cesta de produtos, tendo pesos diferentes entre alimentação, serviços, etc.
Justamente por conta dessa funcionalidade em medir a inflação, o IPCA é útil ao investidor por um motivo simples::é justamente o IPCA o indicador que nos ajuda a entender qual a rentabilidade real dos nossos investimentos. Se o IPCA está maior do que a rentabilidade dos nossos investimentos (algo que aconteceu bastante em 2016 com a poupança), isso significa que o nosso investimento, na realidade, não está compensando.
Em outras palavras, uma pessoa que estava investindo na poupança em 2016 perceberá que se trata de um investimento sem rentabilidade real. A inflação, as taxas e os custos reduzem a margem de retorno. Dessa forma, seu dinheiro pode valer no ano seguinte valor igual ou até menor do que o atual.
Mas e o IGPM?
O IGPM é um pouco diferente do IPCA. O IPCA mede a inflação para pessoas que ganham até 40 salários mínimos. O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) contempla toda a população brasileira.
Por conta dessa diferença, o IGP-M é o índice que rege os contratos de aluguel, tarifas públicas e os planos de saúde mais antigos.
Por isso, pode interferir em seus investimentos caso você aplique em imóveis, títulos imobiliários ou ações de determinadas empresas. Desde que elas estejam vinculadas, obviamente, ao IGP-M.
Como usar esses índices e taxas de juros em meu favor?
Como pode perceber, os indicadores econômicos atendem ao investidor de várias formas diferentes: uns, como comparativo para saber se o investimento está acima ou não do comercializado pelos bancos. Outros, para verificar se a rentabilidade das nossas aplicações estão acima da inflação.
É perfeitamente possível determinar um período de tempo de medição e comparar as variações que cada um desses índices teve. Em seguida, o ideal é realizar simulações com valores que você separou para investir. Por exemplo, o tempo de maturação de cada um dos tipos de investimentos corrigidos pelas taxas de juros.
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Para ilustrar melhor, vamos comparar o CDI com a Selic na prática. Entre novembro de 2001 e fevereiro de 2017, analisando mês a mês, o CDI esteve cerca de 0,56% menor do que a Selic. Portanto, aplicar em um investimento que rendesse 100% da Selic seria mais rentável do que uma aplicação baseada em 100% do CDI.
Apesar disso se manter ainda como uma verdade, com as quedas recentes da taxa de juros, alguns investimentos que tem uma incidência maior de taxas, como o Tesouro Selic, passaram a ter seus rendimentos prejudicados comparados a outras aplicações do CDI.
Em outras palavras, o cenário, em muitos casos, mudou.
Mas as informações citadas acima servem apenas como exemplo. Qualquer investimento a ser feito dependerá de uma análise bastante minuciosa sobre os custos operacionais da aplicação.
Liquidez, riscos, custos e tributos
É necessário compreender também que os investimentos, tanto em fundos de investimento quanto em CDB e Tesouro Direto se diferenciam em outras características além dos rendimentos. Por exemplo, a velocidade com que você consegue retirar o seu dinheiro da aplicação é diferente entre eles.
Por conta dessas diferenças, vale a pena realizar um estudo mais profundo. É importante analisar quais opções proporcionam oportunidades de retiradas em momentos mais vantajosos, e quais prendem o seu dinheiro até o vencimento da aplicação.
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Nesse caso, informações como riscos, liquidez, custos, tributos em IR: todas as informações possíveis sobre cada investimento contribuem para uma tomada de decisao eficiente.
Enfim, o ponto é: há algo mais importante do que conhecer cada tipo de investimento e possuir uma tabela com a variação histórica deles. É fundamental saber precisamente a quais implicações em taxas e características cada investimento traz consigo.
Saber disso irá lhe permitir fazer com que o seu dinheiro trabalhe para você de uma maneira ainda mais otimizada em seus investimentos. Você conseguirá dessa forma interpretar de uma forma proveitosa os indicadores diários. Por fim, utilizar essas informações valiosas com mais inteligência.