Sede do Fundo Monetário Internacional, em Washington, em 12 de abril de 2024
MANDEL NGAN
Sede do Fundo Monetário Internacional, em Washington, em 12 de abril de 2024
Mandel Ngan

Os Estados Unidos comemoram, a Europa nem tanto: as últimas previsões do FMI publicadas nesta terça-feira (22) mostram que a saúde da economia americana contrasta com a apatia da zona do euro, devido a crises recentes e a outros fatores mais profundos.

Há dois anos, os caminhos são claramente divergentes para as duas economias.

Os Estados Unidos registraram em 2023 um crescimento de 2,9% contra apenas 0,4% na zona do euro, enquanto em 2024 o FMI espera 2,8% de expansão do PIB americano contra apenas 0,8% nos países europeus.

Para o próximo, as perspectivas não são diferentes: 2,2% para os Estados Unidos e 1,2% para o bloco europeu. O "World Economic Outlook", relatório de previsões da organização financeira, aumenta o índice da maior economia do mundo em 0,3 ponto percentual em relação a julho e reduz o da Europa na mesma proporção.

"A Europa sofreu dois impactos enquanto os Estados Unidos sofreram apenas um", disse à AFP Gregory Daco, economista-chefe da EY.

Depois da pandemia do coronavírus que provocou recessões históricas no mundo, e da recuperação econômica que a sucedeu, a invasão russa da Ucrânia pesou muito sobre a zona do euro, com um novo ciclo inflacionário sobre a energia. Suas redes de abastecimento foram igualmente afetadas.

Os Estados Unidos sofreram menos porque eram mais independentes em questões energéticas e pela distância geográfica do conflito.

- O impacto alemão -

O motor da zona do euro, a Alemanha, sofreu intensamente o impacto da guerra sobre sua economia e entrou em recessão no ano passado.

Seu PIB ficará estagnado este ano e terá um avanço modesto de 0,8% no próximo ano, segundo as previsões do Fundo publicadas nesta terça-feira e revisadas bem abaixo em relação às de julho (0,2 ponto percentual para 2024 e 0,5 para 2025).

Alemanha e Itália sofrem de "enfraquecimento persistente na indústria", destacou o FMI em seu relatório. Por outro lado, países como Espanha, que crescerá 2,9% este ano e 2,1% no próximo graças à boa saúde do turismo, não compensam a média do continente.

A França terá um crescimento modesto de 1,1% em 2024 e será semelhante em 2025, segundo o FMI.

Além dos fatores conjunturais, a economia americana se beneficia de fatores estruturais mais favoráveis: "Considerando o crescimento da sua população, a taxa de investimento e a sua produtividade, apresenta perspectivas de crescimento duas vezes superiores às europeias", disse Daco.

Estes pontos fortes são principalmente resultado dos planos de apoio às famílias e empresas durante a pandemia, que mantiveram o consumo a um nível elevado, e do estímulo à economia através de programas de investimento público, como o "CHIPS Act", lei para promover o setor de semicondutores ou a "Lei de Redução da Inflação" que subsidia setores de economia limpa.

A Europa, por outro lado, ainda não embarcou em projetos desta magnitude.

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