Estruturas para extração de petróleo em Maracaibo, Zulia, Venezuela, em 12 de julho de 2024
FEDERICO PARRA
Estruturas para extração de petróleo em Maracaibo, Zulia, Venezuela, em 12 de julho de 2024
Federico PARRA

Antes conhecida como "Venezuela Saudita", o país possuía um petróleo que causou inveja à região pelo crescimento econômico. Mas com uma indústria em crise e sujeita às sanções dos Estados Unidos, hoje este país sul-americano não é sequer uma sombra de si mesmo.

Apesar disso, a Venezuela tem a seu favor o fato de possuir as reservas certificadas de hidrocarbonetos mais importantes do mundo.

- Idade de ouro -

No final do século XIX, houve as primeiras descobertas de petróleo na Venezuela. A partir da década de 1920, "o petróleo tornou-se o principal produto de exportação e a principal fonte do orçamento nacional, o motor da economia venezuelana. Todo o resto, direta ou indiretamente, dependia da atividade petrolífera", afirma o acadêmico e ex-reitor da Universidade de Zulia, Ángel Lombardi.

Em 1976, a indústria de hidrocarbonetos foi nacionalizada e foi criada a holding estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA). A maior parte das obras de infraestruturas foi financiada pelos lucros do petróleo.

- O colapso -

Segundo a maioria dos especialistas, a situação muda com a chegada à presidência de Hugo Chávez (1999-2013).

A má gestão e as decisões polêmicas se somam à corrupção que já assolava parte da PDVSA. A mais impressionante foi a demissão de 20 mil trabalhadores, a maioria deles profissionais altamente qualificados, entre 2003 e 2004, após uma greve industrial que durou mais de um mês e que praticamente paralisou o país.

"Aí tudo começa a desmoronar. Não só a produção, que é o mais fácil de medir e o mais óbvio, mas também coisas muito importantes como a manutenção das instalações", explica Eugenio Montoro, ex-gerente da PDVSA e crítico do governo.

Embora a produção tenha continuado a aumentar até 2008, com um pico de 3,5 milhões de barris por dia, caiu depois para 400 mil barris por dia, mergulhando o país em uma crise econômica sem precedentes.

- Sanções -

A crise se aprofundou a partir de 2018 com o estabelecimento de sanções à indústria pelos Estados Unidos, que não reconheceram a reeleição de Nicolás Maduro por considerá-la fraudulenta.

Mas as tensões sobre o abastecimento, primeiro com a guerra na Ucrânia e depois com o conflito no Oriente Médio, levaram Washington a reduzir a pressão sobre a Venezuela, apesar de o discurso sobre a necessidade de uma transição democrática permanecer inalterado.

No final do ano passado, após um acordo entre o governo e a oposição da Venezuela para a realização de eleições presidenciais em 2024, os Estados Unidos aliviaram as sanções. Mas depois as restauraram, quando o Conselho Nacional Eleitoral retirou o convite acordado aos observadores da União Europeia. No entanto, autorizaram exceções na forma de licenças para empresas como Chevron, Repsol e Maurel e Prom.

A Venezuela tem buscado novos aliados – Rússia, Irã e China – para aumentar a sua produção de petróleo, que está atualmente perto de um milhão de barris por dia, mas requer investimento para avançar para um nível superior.

O mau estado da infraestrutura petroleira provoca graves danos ao meio ambiente, com vazamentos permanentes nas principais bacias.

- Reservas -

Com cerca de 300 bilhões de barris, a Venezuela possui as maiores reservas de hidrocarbonetos do mundo. Possui duas bacias principais: a histórica dos estados Zulia e Falcón, de petróleo leve, e o cinturão petrolífero do Orinoco, de petróleo pesado e extrapesado.

O presidente da PDVSA e ministro do Petróleo, Pedro Tellechea, garante que o país está "no meio de um renascimento da indústria petroleira".

"Hoje estamos em crescimento, um sonho de voltar a recuperar os nossos mercados internacionais", afirma. "A Venezuela possui uma das maiores reservas de gás, que podemos melhorar e encontrar o equilíbrio perfeito para a transição energética", acrescenta.

    AFP

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