Tabela com preços de vários cortes de carne em uma rua de Buenos Aires, em 13 de junho de 2024
LUIS ROBAYO
Tabela com preços de vários cortes de carne em uma rua de Buenos Aires, em 13 de junho de 2024
Luis Robayo

A carne bovina está se tornando um luxo cada vez mais inacessível para a maioria dos argentinos, que têm restringido este alimento em sua dieta ao ponto de reduzir o consumo nacional ao mínimo em um século, revela um relatório da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR).

Se a tendência continuar, o consumo em 2024 fechará em torno de 44,8 quilos por habitante, o menor índice desde 1920, segundo o estudo.

Na Argentina, orgulhosa da qualidade de sua carne bovina, o consumo histórico médio deste alimento é de 72,9 quilos por ano por habitante.

A queda é resultado do impacto da inflação, que atingiu 280% em 12 meses em maio, e da recessão econômica com o colapso generalizado de todas as atividades, de acordo com índices oficiais.

Mais da metade da população argentina de 45 milhões de habitantes é pobre, segundo as estatísticas.

Na cidade de Buenos Aires, a mais rica do país, a taxa de indigência - pessoas que não conseguem comprar a cesta básica de alimentos - dobrou de 8% para 16% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Como consequência, os consumidores estão migrando para outros tipos de alimentos que fornecem proteínas e são mais econômicos, como as carnes de frango e de porco, indica o relatório.

No entanto, também foi registrada uma queda no consumo total de todas as carnes em conjunto.

"O consumo total de carnes bovina, avícola e suína na Argentina poderá situar-se em torno de 105,7 quilos por habitante em 2024, o que significa que cada habitante consumirá sete quilos a menos de carnes em 2024 em comparação com a média dos últimos dez anos, que é de 112,8 quilos", aponta o estudo.

No caso da carne bovina, a diminuição no consumo é uma tendência observada no país há mais de uma década, embora nunca com números tão eloquentes como os atuais.

As exportações também foram afetadas. Segundo o relatório, "69% da produção de carne bovina entre janeiro e maio deste ano foi destinada ao mercado interno, em comparação com 75% no ano passado e longe da média de 85% deste século até agora".

Em contrapartida, o volume exportado aumentou, embora o impacto nas receitas não tenha sido tão lucrativo pela queda nos preços internacionais.

Assim, "entre janeiro e maio [de 2024], a exportação de carne com osso alcançou 385 mil toneladas, 10% a mais que em 2023. Porém, em termos de valor, a exportação cresceu apenas 1%, pois os preços médios de exportação caíram 8% em relação aos primeiros cinco meses do ano passado", detalhou a BCR.

    AFP

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