O logotipo da Spirit AeroSystems na fuselagem de uma aeronave Boeing 737 em Renton, noroeste dos Estados Unidos, em 25 de janeiro de 2024
Jason Redmond
O logotipo da Spirit AeroSystems na fuselagem de uma aeronave Boeing 737 em Renton, noroeste dos Estados Unidos, em 25 de janeiro de 2024
Jason Redmond

A fabricante de aeronaves Boeing confirmou, nesta segunda-feira (1º), ter chegado a um "acordo definitivo" para comprar sua subcontratada Spirit AeroSystems, acusada de problemas de qualidade.

"A compra será totalmente em ações, com um valor aproximado de 4,7 bilhões de dólares (R$ 26,2 bilhões), ou 37,25 dólares (R$ 208,1) por ação", informou a empresa em comunicado.

A Boeing revelou em março que estava em negociações para readquirir a Spirit, da qual se separou em 2005 para reduzir custos.

"Acreditamos que este acordo é para o benefício dos passageiros, de nossos clientes, dos funcionários da Spirit e da Boeing, de nossos acionistas e do país como um todo", declarou o presidente da Boeing, Dave Calhoun, citado no comunicado.

Calhoun afirmou que, ao reintegrar a Spirit, "podemos alinhar completamente nossos sistemas de produção comercial", incluindo os sistemas de gestão de qualidade e segurança, e "nossa força de trabalho com as mesmas prioridades, incentivos e resultados, focados em segurança e qualidade".

- Questão de segurança -

A Boeing é a principal cliente da Spirit, que teve 70% de sua receita proveniente da fabricante de aviões americana em 2023.

As duas empresas sofrem questionamentos desde um incidente quase catastrófico em 5 de janeiro, quando uma porta cega de um Boeing 737 MAX 9 operado pela Alaska Airlines se soltou durante o voo.

O caso reavivou preocupações sobre o MAX após dois acidentes fatais em 2018 e 2019.

A Boeing anunciou mudanças operacionais em 1º de março destinadas a melhorar sua interface com a Spirit AeroSystems, incluindo o envio de pessoal adicional para trabalhar nas instalações da Spirit em Wichita, no Kansas.

Em 4 de março, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) indicou que foram detectados "problemas de não conformidade" nos controles de produção da Boeing e da Spirit AeroSystems.

Peter McNally, analista da Third Bridge, disse que comprar a Spirit não seria uma "solução rápida" para os problemas da Boeing. "Uma parte significativa dos desafios na Spirit tem sido a falta de mão de obra qualificada, um desafio que a própria Boeing enfrenta há anos", afirmou.

"A lógica industrial de integrar a cadeia de suprimentos é sólida, mas a realidade pode ser mais desafiadora, já que a Boeing enfrentou desafios em suas próprias operações de fabricação e montagem".

As ações da Boeing subiram 1,5% nas negociações da manhã, enquanto a Spirit registrou ganhos de 2,6%.

A Boeing também enfrenta nesta semana um ponto crucial com o Departamento de Justiça, que concluiu em maio que a fabricante poderia ser processada por violar um acordo diferido de 2021, alcançado após os dois acidentes fatais do 737 MAX em 2018 e 2019.

Um advogado das famílias das vítimas disse no domingo que o Departamento de Justiça está oferecendo à Boeing um acordo de culpa que permitirá evitar um julgamento relacionado a esses dois acidentes fatais.

As famílias das vítimas exigem que a Boeing e seus executivos sejam processados criminalmente e uma multa de quase 25 bilhões de dólares (R$ 139,7 bilhões).

- Peças também para a Airbus -

A Spirit AeroSystems também fabrica fuselagens e outras peças importantes para a Airbus.

A Airbus disse que compraria as instalações da Spirit AeroSystems que produzem peças para seus aviões por uma taxa nominal de 1 dólar e seria "compensada com o pagamento de 559 milhões de dólares (R$ 3,1 bilhões) da Spirit AeroSystems" pela transação.

A operação inclui os centros de produção relacionados ao A350 na Carolina do Norte e na França, bem como a produção das asas e da parte média da fuselagem do A220 em Belfast e Casablanca, no Marrocos. Também abrangeria as torres de alta tensão A220 fabricadas em Kansas, EUA.

A Airbus disse que o acordo "visa garantir a estabilidade do fornecimento para seus programas de aeronaves comerciais por meio de uma forma mais sustentável de avançar, tanto operacional quanto financeiramente".

    AFP

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