Membros de organizações sociais protestam em Avellaneda, província de Buenos Aires, em 6 de junho de 2024, pedindo ao governo que entregue alimentos às cozinhas comunitárias de setores vulneráveis da Argentina
LUIS ROBAYO
Membros de organizações sociais protestam em Avellaneda, província de Buenos Aires, em 6 de junho de 2024, pedindo ao governo que entregue alimentos às cozinhas comunitárias de setores vulneráveis da Argentina
Luis ROBAYO

Sindicatos de trabalhadores da indústria de oleaginosas na Argentina decidiram, nesta terça-feira (11), parar a atividade em todos os portos exportadores de grãos e derivados e nas plantas de moagem do país, em repúdio à desregulamentação econômica impulsionada pelo presidente Javier Milei.

A medida, anunciada pela Federação de Trabalhadores do Complexo Industrial Oleaginoso, indústria que registra o maior aporte de divisas para a Argentina, será "por tempo indeterminado" a partir da meia-noite de quarta-feira, disse à AFP seu líder, Daniel Yofra.

"O principal motivo é a reforma trabalhista impulsionada pelo governo, que chama de modernização, mas é uma forma de precarização", explicou o dirigente sindical.

A greve contra a "Lei Bases" promete paralisar as atividades das indústrias localizadas na periferia da cidade argentina de Rosário (Santa Fé, centro), que constituem o terceiro 'hub' portuário agroexportador mais importante do mundo.

O Senado argentino vai debater na quarta-feira uma versão reduzida do projeto de reformas de Milei, que cumpre esta semana seu primeiro semestre no governo sem ter conseguido aprovar leis no Congresso, onde seu partido, A Liberdade Avança, é minoritário.

Se os senadores aprovarem a norma, que em abril recebeu luz verde dos deputados, o pacote com mais de 200 artigos voltará à Câmara dos Deputados para sua sanção definitiva.

O projeto delega faculdades do Legislativo ao Executivo, inclui um polêmico regime de incentivo aos grandes investidores e determina uma dezena de empresas públicas sujeitas à privatização, entre outras medidas controversas.

Também se discute uma reforma fiscal, que inclui o chamado imposto sobre o lucro para taxar os salários e as pensões em escalas que implicam aumentar sua base de alcance.

Yofra destacou que, para os trabalhadores que representa, a restituição deste imposto "significa uma redução salarial".

Para o líder dos operários da indústria oleaginosa, "não há nenhum artigo na lei Bases que beneficie os trabalhadores".

Além da greve, a Federação convocou uma manifestação para esta quarta-feira em frente ao Congresso em Buenos Aires, junto às principais centrais operárias do país, organizações sociais, partidos de esquerda e membros da sociedade civil.

A paralisação ocorre em um contexto de tensão entre o setor agroexportador e o governo de Milei motivada pela cotação do dólar, que as empresas consideram baixa e pouco atraente para liquidar as divisas de suas vendas ao exterior.

    AFP

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