Engenheiras tunisianas Khaoula Ben Ahmed e Souleima Ben Tamine em um laboratório na Tunísia, em 6 de junho de 2024
FETHI BELAID
Engenheiras tunisianas Khaoula Ben Ahmed e Souleima Ben Tamine em um laboratório na Tunísia, em 6 de junho de 2024
FETHI BELAID

Quatro engenheiras da Tunísia, inventoras de uma cadeira de rodas que pode ser dirigida com o cérebro ou com a voz, encarnam o potencial da juventude nesse país destruído por uma crise econômica.

Essa engenheiras se conheceram no Instituto Superior de Ciências Médicas da Tunísia, onde desenvolveram o protótipo de seu aplicativo Moovobrain em 2017, antes de criar dois anos depois sua startup Gewinner.

Essa equipe está entre as três premiadas - escolhidas entre mais de 550 candidatos - do prestigioso prêmio europeus aos jovens inventores, da Escritório Europeu de Patentes (OEP), um organismo intergovernamental, que será entregue em 9 de julho em Malta.

O anúncio da OEP dando destaque aos avanços tecnológicos "made in Tunísia" choca com a atualidade difícil do país, submerso em uma crise socioeconômica.

A tensão política também atinge o país, desde o golpe de Estado no qual o presidente Kais Saied passou a ter plenos poderes em julho de 2021.

A cada ano, milhares de tunisianos, sobretudo jovens, tentam cruzar o Mediterrâneo em busca de uma vida melhor na Europa.

Souleima Ben Temine, de 28 anos, co-fundadora do grupo, teve a ideia inicial do Moovobrain pensando em seu tio, com paralisia devido a um acidente e obrigado a utilizar uma cadeira de rodas.

"Acabou sendo totalmente dependente. As necessidades estavam bem diante dos meus olhos, falei dele com minhas amigas e decidimos utilizar a tecnologia digital que dominávamos para fazer um produto que pudesse beneficiar muitas pessoas", explica à AFP.

Para as pessoas com mobilidade reduzida, qualquer ação, até mesmo “pedir para ser virado para a televisão”, quando “não podem falar [...] pode ser psicologicamente desgastante”, insiste Khaoula Ben Ahmed, 28 anos, também cofundador da iniciativa.

Sirine e Ghofrane Ayari (sem vínculo familiar), de 28 e 27 anos, completam a equipe.

“O valor agregado” dessa invenção, destaca Khaoula Ben Ahmed, é “ter quatro soluções em uma: pilotagem com um tablet, mas também sem mover as mãos, direcionando-a com a voz e, se não for possível, por meio de expressões faciais, como caretas, ou simplesmente com o pensamento”, por meio de ondas cerebrais.

O fato de que a equipe ter chegado à final desse reconhecido prêmio "traz visibilidade e credibilidade" já que "nem sempre é fácil convencer os investidores ou fabricantes de cadeira de rodas e nossa solução é realmente inovadora e útil para as pessoas com mobilidade reduzida", avalia Ben Ahmed.

    AFP

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