(Arquivo) Sede do Banco Central do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012
PEDRO LADEIRA
(Arquivo) Sede do Banco Central do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012
PEDRO LADEIRA

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou, nesta quarta-feira (8), sua taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 10,50%, reduzindo o ritmo no atual ciclo de baixa, devido a um processo desinflacionário "mais lento" e um cenário global "desafiador".

Este é o sétimo corte consecutivo da Selic, em meio a mudanças na política fiscal e a um ambiente externo "mais adverso", indicou o Copom em comunicado.

A taxa de juros, anunciada pelo Copom após uma reunião de dois dias, está agora no nível mais baixo desde fevereiro de 2022, quando era de 9,25%.

A menor magnitude do corte é uma má notícia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, desde a sua chegada ao poder, tem pressionado por uma queda acelerada para impulsionar o crescimento econômico.

Lula tem insistido no tema porque a política de taxas altas implementada para controlar os preços encarece o crédito e desestimula o consumo e o investimento.

"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária", indicou o Copom.

Com a Selic a 10,50%, o Brasil continua em segundo lugar no ranking global das maiores taxas de juros reais (descontando a inflação projetada para 12 meses), atrás apenas da Rússia, segundo o site MoneYou.

- Mudança de ritmo -

A decisão expôs divisões entre as autoridades do Copom sobre a moderação do ritmo dos cortes, com cinco votos a favor e quatro contra.

No entanto, o comitê não divulgou estimativas sobre seu próximo passo, como é habitual.

O mercado estava dividido às vésperas da decisão, embora a maioria esperasse um ajuste de 0,25 ponto percentual, entre 118 instituições financeiras pesquisadas pelo jornal econômico Valor.

O corte anterior da Selic foi em março, quando o Copom diminuiu a taxa em 0,5 ponto percentual, para 10,75%.

Até agora, esse havia sido o ritmo constante dos cortes desde o início do ciclo em agosto de 2023, com a Selic a 13,75%.

Mas a situação fiscal no Brasil e as dúvidas das autoridades das economias desenvolvidas sobre o rumo da inflação global aumentaram as incertezas.

O presidente do Banco Central (BCB), Roberto Campos Neto, havia alertado em um discurso no mês passado para uma revisão das ações implementadas pelo Copom, ao indicar que a entidade faria "o que fosse necessário" para manter a inflação alinhada com suas expectativas.

Lula, no entanto, considera que a inflação, em 3,93% a.a. até março, está controlada e, portanto, não justifica o alto nível da Selic.

O mercado prevê uma alta nos preços ao consumidor de 3,72% no final deste ano, segundo a pesquisa Focus do BCB.

Embora o número esteja dentro da meta, o Copom destacou uma tendência de alta nas expectativas de inflação subjacente.

O mercado espera uma Selic de 9,63% no final de 2024, uma expectativa em alta em relação ao mês passado (9%), segundo o boletim Focus.

- Incerteza doméstica e exterior -

No cenário doméstico, "o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado", indicou o Copom.

Analistas alertaram sobre um reaquecimento do mercado de trabalho que pressiona a inflação, em particular, no setor de serviços.

Além disso, ponderou os riscos sobre mudanças recentes na política fiscal, após a postergação da meta de déficit zero pelo governo.

No ambiente externo, o BCB prevê adversidades pela "incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países".

Dias atrás, o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) condicionou o cenário, ao deixar sua taxa de referência na faixa entre 5,25% e 5,50%.

    AFP

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