Cartaz promovendo as transações por bitcoin em uma loja na praia El Zonte, em El Salvador, em 16 de março de 2024
MARVIN RECINOS
Cartaz promovendo as transações por bitcoin em uma loja na praia El Zonte, em El Salvador, em 16 de março de 2024
Marvin RECINOS

O risco do bitcoin, moeda legal em El Salvador, é um "elemento-chave" das negociações entre o FMI e esse país sobre um programa de crédito iniciado há três anos, afirmou uma porta-voz da organização financeira nesta quinta-feira (4).

As autoridades salvadorenhas negociam com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo de cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,5 bilhões) desde 2021, sem chegar a um acordo.

"As discussões estão centradas em políticas para fortalecer a sustentabilidade fiscal e externa, impulsionar o crescimento da produtividade e fortalecer a governança econômica", declarou Julie Kozack, diretora de comunicações da organização, em coletiva de imprensa em Washington.

"Lidar com os riscos decorrentes do bitcoin é um elemento-chave de nossas discussões", acrescentou.

Em 2021, por iniciativa do presidente Nayib Bukele, El Salvador, que tem uma economia dolarizada, se tornou o primeiro país do mundo a legalizar a circulação do bitcoin lado a lado com o dólar americano.

No entanto, cerca de 88% dos salvadorenhos não utilizaram a criptomoeda em 2023, segundo uma pesquisa da Universidade Centro-Americana (UCA).

Bukele é o presidente mais popular da América Latina, principalmente devido à repressão das gangues, que transformou o que era um dos países mais violentos do mundo em um lugar muito mais seguro. E esse cenário tem repercussões na economia.

"O crescimento real do PIB se fortaleceu em 2023 impulsionado pelo turismo e pela construção, e isso aconteceu devido à solidez das remessas e a uma situação de segurança muito melhor", reconheceu Kozack.

Segundo o Banco Central de Reserva, a economia salvadorenha cresceu 3,5% no ano passado. Também houve queda na inflação e no déficit em conta corrente, acrescentou a porta-voz do FMI.

Mas as negociações entre o Fundo e El Salvador sobre um plano de crédito não parecem estar progredindo.

Em fevereiro, o economista independente César Villalona explicou à AFP que a estagnação se deve em parte à tentativa de Bukele de contornar as condições do organismo, que incluem cortes nos gastos públicos, subsídios e subir os impostos sobre o consumo, "porque isso tem um custo político".

Sua reeleição em fevereiro com 84,65% dos votos poderia facilitar as negociações.

    AFP

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