
As mulheres ganham quase 20% a menos que os homens no Brasil, apesar de serem mais qualificadas. É o que dizem os dados do Censo 2022: Trabalho e Rendimento, divulgado nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, o rendimento médio nominal mensal de todos os trabalhos é de R$ 2.506 para mulheres, enquanto o dos homens é de R$ 3.115. A diferença entre os valores equivale a 19,6%.
A disparidade cresce conforme o nível de escolaridade aumenta. Entre trabalhadores com ensino superior completo, o rendimento médio masculino chegou a R$ 7.347, enquanto o feminino ficou em R$ 4.591 - uma diferença de 37,5%.
Apesar de terem os salários mais baixos, as mulheres são mais qualificadas: segundo o IBGE, 28,9% das ocupadas tinham ensino superior completo, contra 17,3% dos homens. No outro extremo, 43,8% deles não haviam concluído o ensino médio, ante 29,7% das mulheres.
O Censo do IBGE considera uma pesquisa sobre rendimento do trabalho realizada entre 25 e 31 de julho de 2022, quando o salário mínimo era de R$ 1.212. Foram consideradas ocupadas as pessoas de 14 anos ou mais que, no período, trabalharam ao menos uma hora ou estavam temporariamente afastadas de uma atividade remunerada.
Índice de Gini
O Índice de Gini é um indicador para medir a desigualdade na distribuição de renda, que vai de 0 a 1 - quanto mais próximo de 0, maior a igualdade. Com os dados de 2022, o Brasil atingiu o índice de 0,542.
As regiões Norte (0,545) e Nordeste (0,541) apresentaram os maiores índices de desigualdade. Estas são, também, as áreas em que os rendimentos médios domiciliares per capita são os mais baixos do país.
Já a Região Sul apresentou o menor índice (0,476), o que indica distribuição de renda mais equilibrada. Sudeste (0,530) e Centro-Oeste (0,531) ficaram em posição intermediária.
Nível de ocupação também é desigual
Segundo os dados, o nível de ocupação - proporção de pessoas com 14 anos ou mais que trabalham - foi de 53,5% no país em 2022, uma queda em relação ao Censo de 2010 (55,5%). A desigualdade de gênero se mantém: 62,9% dos homens estavam ocupados, contra 44,9% das mulheres.
"Ao longo de todas as faixas etárias, o nível de ocupação dos homens foi superior ao das mulheres. Na população com 35 a 39 anos de idade, o nível de ocupação dos homens atingiu 82,6% e o das mulheres, 63,6%", diz a pesquisa do IBGE
Mulheres concentram-se em áreas de serviços, educação e saúde
O Censo de 2022 também apontou que a distribuição de homens e mulheres no mercado de trabalho brasileiro é diferente - tanto entre os setores quanto na intensidade da participação.
Isso quer dizer que, apesar das mulheres representarem uma parcela menor da população ocupada total, elas são maioria em algumas categorias específicas. São elas: ciências e intelectuais (60,8%), apoio administrativo (64,9%) e trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio e mercados (59%).
Em contrapartida, há campos em que a participação das mulheres ainda é bastante limitada. Nas ocupações de operadores de instalações e máquinas e montadores, por exemplo, elas representam apenas 7,5% do total. Já entre membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares, a presença feminina não passa de 9,3%.
Quando observada a divisão por setores econômicos, a concentração feminina é maior no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (17%), educação (11,4%), saúde humana e serviços sociais (10,7%) e serviços domésticos (9%).