A queda no consumo está ligada ao surto de intoxicações por metanol registrado em São Paulo
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A queda no consumo está ligada ao surto de intoxicações por metanol registrado em São Paulo

A crise provocada pela falsificação de bebidas destiladas com metanol tem impactado diretamente bares e restaurantes em São Paulo. A Fhoresp ( Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) estima que o prejuízo com a venda de uísque, vodca, gin e cachaça pode chegar a 50%.

Isso pode representar redução da metade do faturamento de estabelecimentos que têm esses produtos como principal fonte de receita.

Em nota ao Portal iG, a entidade informou que a queda geral de movimento pode variar entre 20% e 30%, refletindo a desconfiança dos consumidores após os casos de intoxicação.

O diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, afirmou que o setor busca compensar parte das perdas com “bebidas que não sofrem o impacto desta crise, como vinhos, cervejas e bebidas não alcoólicas”.

Para empresários do setor, os efeitos já são sentidos no dia a dia. Ricardo Alexandrino Moraes, proprietário de um bar na região da Rua Augusta, relatou que houve redução de público e mudança nas escolhas dos clientes.

“Houve muita procura por vinho também e até espumante. Só que esses pedidos não conseguiram repor os destilados. Estou sofrendo com prejuízo, assim como colegas que têm restaurantes e bares” , disse ao Portal iG.

A queda no consumo está ligada ao surto de intoxicações por metanol registrado em São Paulo e em outras regiões do Brasil.

A origem das bebidas contaminadas ainda não foi descoberta
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A origem das bebidas contaminadas ainda não foi descoberta


O Ministério da Saúde contabiliza 59 casos confirmados ou suspeitos até o início do mês, com uma morte confirmada e ao menos cinco a sete óbitos em investigação.

Em setembro, só no estado de São Paulo foram notificados dez casos, número superior à média anual histórica de todo o país.

Dados da ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas) indicam que o mercado ilegal cresceu 25,8% de 2023 para 2024, movimentando o equivalente a 158 milhões de garrafas de 750 ml.

O metanol, usado ilegalmente no lugar do etanol, é mais barato e está na origem das ocorrências de envenenamento, que podem causar cegueira, coma e morte.


Ações dos governos

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou o aumento dos casos como uma situação “anormal” e disse que os números devem crescer, já que as secretarias foram orientadas a notificar sintomas iniciais.

Ele reforçou a recomendação para que consumidores evitem destilados incolores sem origem confiável e mantenham hidratação e alimentação adequadas.

Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou a criação de um gabinete de crise e prometeu interditar estabelecimentos suspeitos de comercializar bebidas adulteradas.

No plano federal, o Ministério da Saúde acionou produtores de antídotos como etanol e fomepizol, este último ainda sem registro no país.

Entre as orientações oficiais, estão a compra em supermercados e distribuidores homologados, a verificação de rótulos, selos e notas fiscais, além da preferência por marcas reguladas pela Anvisa.

Em bares, a recomendação é questionar sobre a procedência e, temporariamente, optar por alternativas como cervejas ou vinhos.

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