Em meio à escalada da tensão entre o Brasil e os Estados Unidos
com o tarifaço
e a
sanção ao ministro Alexandre de Moraes,
o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
disse nesta quinta-feira (31) que é o momento das duas nações evitarem ataques.
"Nós estamos sentados numa mesa de negociação. O que nós temos que fazer agora não é ficar se agredindo mutuamente, esse não é o caminho", disse o ministro em coletiva.
Para o ministro, o Brasil tem adotado a postura correta diante das taxas e das medidas anunciadas pelo governo de Donald Trump, que oficializou o tarifaço ontem e deixou uma série de produtos brasileiros de fora da lista. Segundo Haddad, isso coloca o país num "ponto de partida" melhor que o esperado para a negociação.
"Nós nunca saímos da mesa de negociação. Estamos num ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas ainda estamos longe do ponto de chegada", começou o ministro.
Ele citou que está marcada a reunião com o secretário de Tesouro americano, Scott Bessent, nos próximos dias.
" Nós vamos levar às autoridades americanas o nosso ponto de vista e obviamente vamos recorrer nas instâncias devidas, tanto nos Estados Unidos quanto nos organismos internacionais", continuou.
De acordo com o ministro, apesar das 694 exceções, há setores em situação dramática, que demandam ações de curto prazo. "Por isso, vamos fazer a calibragem sobre o plano de contingência a luz do que ocorreu ontem".
"Há muita injustiça nas medidas anunciadas ontem, há correções a serem feitas. Há setores que não precisariam estar sendo afetados. Nenhum a rigor, mas há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente", declarou o ministro da Fazenda.
Segundo Haddad, o plano de contingência deve ser apresentado nos próximos dias. A expectativa é que tenha uma delimitação de linhas de créditos para os setores mais impactados - como o de café, da carne bovina e das frutas.
Desafios de política interna e externa
O ministro citou que a relação entre as duas potências encolheu nos últimos 20 anos, e medidas como as tarifas e as sanções políticas só as afastam ainda mais.
"Quando o presidente Lula tomou posse, em 2003, o comércio com os Estados Unidos representava 25% das nossas importações. Hoje representa só 12%. Ao invés de crescer, nós diminuímos. Nós temos que ter mais integração, não menos" , continuou.
Segundo o ministro, a economia brasileira precisa de um equilíbrio. "Não pode servir de apêndice de nenhuma outra. Nem da China, nem da União Europeia, nem dos Estados Unidos, temos que ter um equilíbrio", continuou.
Haddad também defendeu o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, alvo da "Lei Magnistky" e de críticas da ala bolsonarista. "A perseguição ao ministro Moraes não é o caminho", disse.