A queda reflete uma combinação de fatores internacionais e domésticos
Valter Campanato/Agência Brasil
A queda reflete uma combinação de fatores internacionais e domésticos


O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (2) cotado a R$ 5,4191 na venda, com recuo de 0,77% em relação ao dia anterior.  Essa é a menor cotação desde 19 de agosto do ano passado, quando o dólar fechou a R$ 5,4134. Em 2025, a moeda americana acumula desvalorização de 12,30% frente ao real.

A queda reflete uma combinação de fatores internacionais e domésticos. No cenário externo, dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos elevaram as expectativas de que o Federal Reserve possa reduzir as taxas de juros ainda este ano, possivelmente a partir de setembro. Atualmente, os juros americanos estão entre 4,25% e 4,50% ao ano.

O enfraquecimento global do dólar também foi influenciado pela queda do índice DXY, que mede a moeda americana frente a uma cesta de outras seis moedas fortes.

Às 17h, o índice registrava recuo de 0,05%, aos 96.773 pontos, acumulando queda de 10,7% em 2025. A retração é atribuída a incertezas econômicas nos Estados Unidos e à guerra tarifária iniciada pelo presidente Donald Trump.

A retomada das negociações comerciais entre os EUA e parceiros, como o Canadá, após a suspensão de tarifas sobre empresas de tecnologia, também contribuiu para o aumento do apetite por ativos de países emergentes, favorecendo a valorização do real.


Brasil

No Brasil, o Congresso derrubou o decreto que previa o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o que, segundo estimativas, evitaria uma arrecadação de R$ 10 bilhões.

A medida foi bem recebida pelo mercado por reduzir a carga tributária sobre transações financeiras.

Outro fator de apoio ao real é a taxa Selic mantida em 15% ao ano, o que estimula operações de carry trade, atraindo capital estrangeiro.

Além disso, a valorização de commodities, como o minério de ferro na China e o petróleo Brent, reforçou o fluxo de dólares para o Brasil.

Na B3, o dólar futuro para agosto — o mais negociado — caiu 0,63% às 17h04, cotado a R$ 5,4585. A cotação também é influenciada pela liquidez elevada no mercado cambial.

Apesar da valorização do real, há incertezas fiscais continuam no radar. O déficit estimado de mais de R$ 60 bilhões em 2025 pode limitar o recuo do dólar no longo prazo. Projeções de instituições financeiras como Itaú Unibanco, BTG Pactual e MCM 4intelligence indicam que a moeda americana pode terminar o ano entre R$ 5,70 e R$ 5,80.

Ibovespa

A queda foi parcialmente compensada pela valorização de ações da Petrobras
Divulgação/HC Investimentos
A queda foi parcialmente compensada pela valorização de ações da Petrobras


O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em baixa de 0,36%, aos 139.050 pontos. A queda foi parcialmente compensada pela valorização de ações da Petrobras (+2,34%) e da Vale (+3,75%).

A desvalorização do dólar tende a aliviar pressões inflacionárias, com impacto sobre preços de bens importados. A prévia do IGPM de junho apontou deflação de 0,97%.

As pressões de Donald Trump sobre o Federal Reserve para reduzir os juros e a continuidade das negociações comerciais até o dia 9 de julho continuam sendo acompanhadas pelos investidores.

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