Brasil exporta mais couro, mas consumidor ainda se pergunta: é legítimo ou sintético?
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Brasil exporta mais couro, mas consumidor ainda se pergunta: é legítimo ou sintético?


O mercado brasileiro de couro está em expansão. Em 2024, o país exportou US$ 1,26 bilhão (R$ 6.9 bilhões na cotação atual) em couro e derivados, segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). O crescimento de 12,5% em valor e 22,3% em volume na comparação com 2023 vem da melhora na rastreabilidade dos animais e a adoção de práticas sustentáveis.

Paralelamente a isso, o crescimento do mercado de sintéticos, incluindo materiais veganos e biotecnológicos, levanta uma pergunta comum entre consumidores: como saber se um produto é mesmo feito de couro legítimo?

Couro costurado
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Couro costurado


Sintéticos ''quase perfeitos''

O empresário Diego Amorim Caselli, da tradicional casa Amorim Caselli Couros, listou para o iG os principais testes que ajudam a distinguir um couro verdadeiro de uma imitação.

E o alerta é claro e direto: nem sempre é fácil, principalmente diante do avanço das falsificações.

“Hoje em dia, os sintéticos conseguem simular com precisão a textura, a cor, o brilho e até os poros do couro. Tem produto que vem até com etiqueta dizendo que é legítimo, mas não é. Só olhar não basta”, afirma Caselli.

Os cinco testes que revelam se o couro é autêntico

Caselli recomenda que o consumidor observe pelo menos três aspectos fundamentais antes de comprar um produto dito de couro: o toque, o cheiro e o visual.

Especialista informa alguns passos para saber se um couro é legítimo ou não
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Especialista informa alguns passos para saber se um couro é legítimo ou não


1. Toque:
“O couro legítimo tem um toque macio, levemente granulado, e aquece rapidamente ao encostar na pele. Já o sintético costuma ter um toque mais plástico, frio e com textura uniforme''.

2. Cheiro:
“Esse é um dos sinais mais claros. O couro verdadeiro tem um cheiro orgânico, meio terroso, resultado do curtimento. O sintético cheira a solvente, a produto químico”, explica.

3. Visual:
A diferença entre o couro real e o falso também está nos detalhes.

“A superfície do couro tem poros e imperfeições naturais, marcas que contam a história da peça. Já o sintético é todo igual, com ‘poros’ impressos em padrões repetitivos”.

4. Dobra:
Outro teste útil é observar o que acontece ao dobrar o material. No couro legítimo, surgem rugas que mudam conforme a direção da dobra. No sintético, aparecem marcas brancas ou vincos fixos.

5. Queima (em amostras pequenas):
Segundo Caselli, esse teste deve ser feito com muito cuidado, apenas em retalhos.

“O couro legítimo carboniza e tem cheiro de cabelo queimado. Já o sintético derrete e exala um cheiro forte de plástico”, alerta.

Imperfeições são sinais de autenticidade

Objetos de couro
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Objetos de couro

Para Caselli, a singularidade do couro legítimo é justamente o que o torna tão valioso.

“Cada peça tem uma marca diferente. São rugas, cicatrizes, poros irregulares. Isso não é defeito, é autenticidade”.

Por outro lado, ele ressalta que as imitações estão cada vez mais bem-feitas.

“O grande problema é que há materiais sintéticos com acabamento tão avançado que até parecem couro de verdade, inclusive com etiquetas falsas”, alerta.

E quanto à legislação?

No Brasil, a Lei do Couro (Lei Federal 4.888/65) proíbe expressamente que a palavra "couro" seja usada para designar materiais sintéticos.

Porém, ainda não há uma certificação obrigatória nacional que ateste a autenticidade do couro em todos os produtos.

“Alguns fabricantes colocam etiquetas como ‘100% couro’, mas não é uma exigência legal. Por isso, o consumidor precisa estar atento, se informar, tocar, cheirar, observar os detalhes”.


Escolha consciente

Enquanto o couro legítimo se destaca pela durabilidade e aparência única, os materiais sintéticos ganham espaço pela proposta vegana e menor custo. Mas, independentemente da escolha, saber o que se está comprando é fundamental.

“A dica que eu dou é: se tiver dúvida, não compre. Teste o toque, o cheiro, veja a etiqueta, e, se possível, compre de quem entende do assunto. O couro verdadeiro tem alma — e isso você sente”, conclui .

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