
O Irã elevou o tom nas tensões do Oriente Médio ao declarar que poderá bloquear o Estreito de Ormuz se os Estados Unidos optarem por apoiar Israel com uma intervenção militar. A passagem, situada entre o Irã e Omã, é considerada uma das mais estratégicas do mundo, pois escoa grande parte do petróleo exportado pelos países do Golfo Pérsico.
A ameaça foi interpretada como uma retaliação direta ao possível envolvimento americano no confronto. O fechamento da rota marítima, por onde transita cerca de 20% do petróleo global, teria impactos imediatos e profundos na economia internacional, especialmente no mercado de energia.
O que é o estreito de Ormuz?
Responsável por cerca de 20% do petróleo comercializado no mundo, o estreito é considerado uma das rotas mais cruciais para o transporte da commodity.
Estima-se que cerca de 20 milhões de barris de petróleo cru, condensado e derivados cruzam esse canal estreito, que liga o Golfo Pérsico ao Mar da Arábia. Países como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque dependem fortemente dessa via para exportar petróleo, especialmente com destino à Ásia.
O Estreito de Ormuz tem apenas 33 km em sua parte mais estreita, com dois canais de navegação de 3 km cada. Mesmo assim, sua importância é colossal: o Catar, por exemplo, envia quase toda sua produção de gás natural liquefeito por essa rota.
Para tentar reduzir a dependência do estreito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos têm investido em oleodutos alternativos, mas, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, a capacidade ociosa dessas estruturas gira em torno de 2,6 milhões de barris por dia — insuficiente para compensar um bloqueio total da via.
Trump reavalia decisão sobre entrada no conflito
Em coletiva na Casa Branca nesta sexta-feira (19), a porta-voz do governo americano, Karoline Leavitt, leu um comunicado oficial em nome do presidente Donald Trump.
"Com base no fato de que há uma chance substancial de negociações que podem ou não ocorrer com o Irã em um futuro próximo, tomarei minha decisão de ir ou não [à guerra] nas próximas duas semanas" , disse o texto lido por Leavitt.
A segurança da região, historicamente garantida pela 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, com base no Bahrein, pode ser testada novamente.
O temor de que o Irã realmente feche o estreito, embora já ameaçado em outras ocasiões — como em 2019, após a saída dos EUA do acordo nuclear —, ganhou força nos últimos dias. A instabilidade geopolítica já provocou uma disparada no preço do petróleo nos mercados internacionais.
O barril tipo Brent teve uma alta de US$ 2,15, ou 2,8%, para US$ 78,85 (cerca de R$ 435,38 na cotação atual) o barril, seu maior fechamento desde 22 de janeiro. O petróleo bruto US West Texas Intermediate para julho subiu US $ 2,06, ou 2,7%, para US$ 77,20 (cerca de R$ 426,27 na cotação atual).
Em um cenário de bloqueio total ou retaliação dos grandes produtores da região, os preços podem ultrapassar a marca de US$ 130 por barril — valores semelhantes aos registrados no início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em 2022.