
A taxa de desocupação no Brasil atingiu 6,8% no trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2025, marcando um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, quando estava em 6,1%. Apesar da alta no desemprego, o rendimento médio dos trabalhadores alcançou um recorde histórico, chegando a R$ 3.378, e o número de empregados com carteira assinada também atingiu o maior patamar da série, totalizando 39,6 milhões.
A população ocupada no país recuou 1,2% no trimestre, chegando a 102,7 milhões de trabalhadores. Ainda assim, esse contingente é 2,4% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Para Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, “esta alta segue o padrão sazonal da PNAD contínua com a tendencia de expansão da busca por trabalho nos meses do primeiro trimestre de cada ano”.
Construção e administração pública puxam queda no emprego
Nenhum setor apresentou crescimento no número de trabalhadores em relação ao trimestre anterior. Entre os que tiveram queda na ocupação, destacam-se a Construção (-4,0%, ou menos 310 mil pessoas), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-2,5%, ou menos 468 mil pessoas) e Serviços domésticos (-4,8%, ou menos 290 mil pessoas).
Na comparação anual, quatro setores registraram aumento na ocupação: Indústria Geral (3,2%, ou mais 409 mil pessoas), Comércio e reparação de veículos (3,6%, ou mais 690 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras (3,5%, ou mais 447 mil pessoas) e Administração pública e serviços sociais (4,1%, ou mais 717 mil pessoas). Já os Serviços domésticos foram o único segmento com queda (-3,6%, ou menos 216 mil pessoas).
Trabalho formal atinge maior patamar da história
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado chegou a 39,6 milhões, um recorde desde o início da série histórica em 2012. Houve aumento tanto na comparação trimestral (1,1%, ou mais 421 mil empregados formais) quanto na anual (4,1%, ou mais 1,6 milhão).
Para Adriana Beringuy, “a expansão do emprego com carteira está relacionada com a manutenção das contratações no comércio”.
Por outro lado, os empregados sem carteira no setor privado somaram 13,5 milhões, com queda de 6,0% no trimestre e estabilidade no ano. O número de funcionários públicos caiu 3,9% no trimestre, mas subiu 2,8% na comparação anual. Já o contingente de trabalhadores por conta própria (25,9 milhões) manteve-se estável no trimestre e teve alta de 1,7% no ano.
Esses movimentos levaram a uma leve redução na taxa de informalidade, que passou de 38,7% no trimestre encerrado em novembro para 38,1% agora.
Rendimento médio dos trabalhadores atinge valor recorde
O rendimento médio real dos trabalhadores subiu 1,3% no trimestre e 3,6% no ano, alcançando R$ 3.378 – o maior valor já registrado pela PNAD Contínua desde 2012. O crescimento trimestral foi impulsionado pelos setores da Indústria (2,8%, ou mais R$ 89), Administração pública e serviços sociais (3,1%, ou mais R$ 139) e Serviços domésticos (2,3%, ou mais R$ 29).
Adriana Beringuy explica que “a alta do rendimento no trimestre está relacionada à redução do contingente de trabalhadores informais em certos segmentos das atividades econômicas, crescendo, portanto, a proporção de ocupações formais com maiores rendimentos”.
Na comparação anual, os setores que tiveram aumento no rendimento médio foram Construção (5,4%, ou mais R$ 135) e Serviços domésticos (3,1%, ou mais R$ 39), enquanto os demais não apresentaram variação significativa.
Mesmo com a redução na população ocupada, a massa de rendimento real habitual dos trabalhadores chegou a R$ 342 bilhões, um novo recorde da série histórica, mantendo-se estável no trimestre e registrando um crescimento de 6,2% no ano.