Trump no Fórum Econômico Mundial em Davos
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Trump no Fórum Econômico Mundial em Davos

Nesta quinta-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,  participou virtualmente do Fórum Econômico Mundial. Em seu discurso, reafirmou as medidas tomadas nos seus primeiros dias do segundo mandato, como o recuo sobre a agenda climática e a deportação de imigrantes. Segundo o mandatário, os EUA se tornarão a capital da inteligência artificial e das criptomoedas e vão contribuir para a "paz mundial".

O evento, que reúne líderes políticos, empresários e acadêmicos de todo o planeta em Davos, nos Alpes Suíços, começou na segunda-feira (20) e vai até sexta (24).

O discurso de Trump era um dos momentos mais aguardados do Fórum Econômico Mundial. Tanto porque seria o primeiro do mandatário a grandes nomes da economia mundial, quanto porque os debates do evento se concentram em cinco temas que, em sua maioria, já foram retaliados pelo novo presidente dos Estados Unidos em apenas três dias de governo.

Apesar da expectativa, o presidente estadunidense não trouxe grandes novidades no seu discurso, para Rubens Duarte, professor de Relacões Internacionais e PhD em Política e Estudos Internacionais.

"Me pareceu um discurso muito parecido com o da posse dele e com as entrevistas que ele deu enquanto assinavam os atos do primeiro dia. Me parece que ele ainda está em campanha, ainda não virou a chave", explicou o PhD.

São eles: o combate às mudanças climáticas, a regulação da inteligência artificial (principalmente nas empresas), fontes alternativas de crescimento econômico, desenvolvimento do capital humano e reconstrução da confiança global.

Logo após tomar posse, Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, autorizou a desregulação da inteligência artificial, assinou decretos para a deportação de imigrantes e adotou medidas protecionistas para a economia estadunidense, com a ameaça de sobretaxar produtos internacionais, inclusive da União Europeia.

Durante sua participação, Trump respondeu às perguntas de empresários e acionistas de três empresas: o Diretor Executivo do Bank of America, Brian Moynihan, o patrão da empresa de investimentos Blackstone, Stephen Schwarzman, Ana Botin, presidente executiva do Banco Santander e o diretor da TotalEnergies, Patrick Pouyanne.

Recomeça a "era de ouro da América", diz Trump

O presidente dos Estados Unidos começou sua fala afirmando que esta "foi uma semana verdadeiramente histórica nos Estados Unidos", marcada pelo início da "era de ouro" do país e suas medidas para "consertar os desastres herdados" da gestão Biden.

"Há três dias, fiz o juramento de posse e demos início à era de ouro da América. (...) O que o mundo testemunhou nas últimas 72 horas foi nada menos do que uma revolução do senso comum. Estamos mais unidos do que nunca, e todo o planeta será mais pacífico e próspero em resultado desta incrível dinâmica e do que estamos a fazer e vamos fazer", disse o mandatário.

"Ao longo dos últimos quatro anos, o nosso governo acumulou 8 biliões de dólares em despesas deficitárias e impôs restrições energéticas destruidoras da nação, regulamentos incapacitantes e impostos ocultos como nunca. O resultado é a pior crise de inflação da história moderna e taxas de juro elevadíssimas para os nossos cidadãos e até para o mundo inteiro. Os preços dos alimentos e de quase todas as outras coisas conhecidas pela humanidade subiram em flecha", continuou.

O presidente também salientou sua agenda protecionista, afirmando que sua administração irá fazer "grandes cortes de impostos para trabalhadores e suas famílias".

Protecionismo

"Minha mensagem para todos os negócios do mundo é bem simples: venha produzir na América e vamos dar as menores taxas de qualquer nação da Terra. Mas se a decisão de vocês for de não produzir na América, simplesmente terão de pagar uma tarifa que deve direcionar até trilhões de dólares para o nosso Tesouro, fortalecer nossa economia e reduzir nosso déficit.”

O republicano disse que, durante sua administração, “não haverá melhor lugar para crescer seu negócio e gerar empregos do que no ‘bom e velho’ Estados Unidos”.

Trump também falou sobre medidas de sustentabilidade e desregulamentações. Ele prometeu que irá destruir “10 antigas regulamentações para cada nova [que surgiu], o que logo deve colocar dezenas de milhares de dólares de volta aos bolsos das famílias americanas”.

Mensagem à UE, medidas anti-sustentabilidade, energia e diversidade

De acordo com Trump, a balança comercial entre Estados Unidos e União Europeia está desequilibrada.

“Amo a Europa, mas países nos tratam de maneira injusta. (…) A União Europeia tributa de forma prejudicial os produtos americanos, o que dificulta a exportação para o bloco. Ouvi de pessoas que o sistema de tarifação na União Europeia é muito pior do que o da China para os Estados Unidos”, afirmou o presidente dos EUA. "Não vamos aceitar mais dívidas", continuou.

O presidente também falou sobre a "crise energética" nos Estados Unidos. Para ele, o país deve aproveitar totalmente o seu petróleo, adicionando que uma de suas próximas medidas será uma conversa com a Arábia Saudita e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para derrubar os preços da commodity.

Trump também retomou sua bandeira contra as políticas de diversidade: “Meu governo agiu para acabar com toda essa baboseira de ações de diversidade, equidade e inclusão. Os EUA, ouçam bem, se tornarão um país baseado em mérito”.

"Paz mundial" e corrida pela IA

O presidente norte-americano também disse que é dele o crédito pelo acordo de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza. Além disso, Trump indicou que as tratativas para um pacto de paz entre Rússia e Ucrânia já podem ter começado.

"Agora nossos esforços para conseguir um acordo de paz na guerra da Ucrânia espero já estar em curso. É tão importante conseguir completar esse acordo, milhões estão morrendo nos campos de batalha, a maior quantidade de mortes desde a 2ª Guerra Mundial. (...) Espero me encontrar logo com Putin para acabar logo com essa guerra", disse.

Agora com o apoio das principais big techs do país, o presidente também disse que seu governo irá se empenhar para transformar os Estados Unidos na capital da inteligência artificial. Segundo ele, é por isso que decretou emergência energética - uma vez que os sistemas de IA precisam do máximo de energia para se desenvolverem e operarem. Trump disse que o projeto visa os anos futuros, nos quais a IA estará cada vez mais presente e, por isso, os EUA precisam 'sair na frente' de outras potências, como a China.

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