O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA), que calcula a inflação oficial do Brasil, subiu 0,52% em dezembro e fechou 2024 em 4,83% . Com a variação, a taxa rompeu o teto da meta do Banco Central (BC), de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Sendo assim, a taxa ultrapassou o limite em 0,33 p.p.
Com a alta na inflação, o recém-empossado presidente do BC, Gabriel Galípolo, deve encaminhar ainda hoje uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentando as razões para a inflação ter ultrapassado o teto da meta. A última vez em que isso aconteceu foi no início de 2023 devido ao furo da meta em 2022.
BC já havia previsto o estouro da meta. No último RTI (Relatório Trimestral de Inflação), divulgado em dezembro, a autoridade monetária cravou que a chance de o IPCA superar 4,5% no acumulado de 2024 era de 100%. Para 2025, a possibilidade de um novo estouro da meta está em 50%.
O documento deve mencionar os fatores internos e externos que colaboraram para o cenário fiscal atual.
Hoje, a Selic (taxa básica de juros) está em 12,25% ao ano, e o BC já indicou duas novas altas de 1 ponto percentual para janeiro e março, o que eleva a taxa para 14,25%, o mesmo nível da crise do governo Dilma, entre 2015 e 2016. A taxa de juros é o principal instrumento do BC para conter a inflação.
Desde que o sistema de metas foi criado em 1999, já foram escritas sete cartas, sendo duas de autoria do ex-presidente do BC Campos Neto. As explicações foram publicadas após estouro de meta nos anos 2022, 2021, 2017, 2015, 2003, 2002 e 2001.