Quatro são presos em nova operação da Leite Compensado
Reprodução/MPRS
Quatro são presos em nova operação da Leite Compensado

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deflagrou uma operação nesta quarta-feira (11) que detectou o uso de soda cáustica e de água oxigenada em produtos lácteos da Dielat.  A investigação ocorreu na fábrica da marca no município de Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre . Até o momento, cinco pessoas foram presas.

Esta é a 13ª fase da "Operação Leite Compensado". Segundo o MP, a adulteração na fabricação visava disfarçar o deterioramento dos produtos da Dielat, que têm ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela.

A investigação aponta que houve a adição de soda cáustica e água-oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. As substâncias químicas são nocivas à saúde.

A empresa já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e a outros órgãos públicos. As marcas vendidas no país incluem Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, enquanto na Venezuela os produtos levam o nome de Tigo.

Dos cinco detidos, quatro foram presos preventivamente: um sócio-proprietário da empresa, Antonio Ricardo Colombo Sader; o diretor, Tales Bardo Laurindo; um supervisor, Gustavo Lauck; e um engenheiro químico, Sérgio Alberto Seewald.

Além deles, a polícia prendeu em flagrante uma mulher que teria dito a funcionários para apagarem possíveis provas.

Ao todo, o MP cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão nas cidades de Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e na capital de São Paulo.

O Rio Grande do Sul tem ao menos sete cidades que já tiveram leite fornecido pela Dielat para merenda escolar, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE). São elas: Alvorada (2023), Canela (2020), Gravataí (2020), Ivoti (2019), Porto Alegre (2023), Taquara (2022) e Viamão (2019).

Investigado participou de outras fraudes

O químico industrial Sérgio Alberto Seewald, que foi preso na operação, é conhecido como "alquimista" ou "mago do leite". Ele é uma das figuras centrais em outras adulterações identificadas em fases anteriores da operação. Ele foi contratado pela Dielat para assessorar a produção.

Seewald já havia sido investigado 2014, na quinta fase da investigação, por condutas parecidas em outra indústria de laticínios em Imigrante, no Vale do Taquari. Ele foi absolvido de uma condenação de 2005 por um caso similar, recebeu uma medida cautelar da Justiça de Teutônia e está há dois anos aguardando para utilizar tornozeleira eletrônica.

Próximos passos

Os produtos estão sendo examinados para determinar com precisão quais são os lotes contaminados, uma vez que as novas fórmulas usadas pelos fraudadores tornam a identificação substâncias nocivas nas análises preliminares ainda mais difícil.

A defesa de Sérgio Alberto Seewald afirma que "ele não possui relação formal ou informal com a empresa Dielat". Segundo o advogado Nicholas Horn, "trata-se de uma criação de fatos por parte do Ministério Público, que não enseja a verdade".

A Dielat ainda não se manifestou sobre o ocorrido.

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