A reprovação do governo Lula (PT) entre os agentes do mercado financeiro atingiu 90%, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (4). No último levantamento, feito em março, a reprovação era de 64%. Sendo assim, o índice saltou 26 pontos percentuais em nove meses.
Outros 3% avaliam positivamente o governo Lula (eram 6% em março) e 7%, como regular (eram 30%).
Rejeição ao pacote fiscal
Segundo a pesquisa, o desempenho negativo é a resposta do mercado ao pacote fiscal, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última semana. A expectativa do governo, segundo o ministro, é que a série de medidas gere uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e de R$ 327 bilhões até 2030.
O projeto, que prevê medidas como a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês e a sobretaxação dos que ganham mais de R$ 50 mil mensais, não tem nenhuma credibilidade para 58% dos entrevistados. Outros 42% o consideram de pouca credibilidade.
Além disso, 58% consideram o pacote de gastos nada satisfatório e 42%, pouco satisfatório.
Taxa Selic
A taxa básica de juros (Selic), que será anunciada pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central na próxima quarta (11) deverá subir 0,75 ponto percentual no encontro de dezembro para 66% dos entrevistados. Atualmente, a taxa está em 11,25% ao ano. Ao final do ciclo de aperto, 34% dos entrevistados acreditam que a Selic estará acima de 14%.
Leitura da política econômica
O anúncio do pacote fiscal também refletiu na leitura sobre a política econômica. Agora, 96% dos entrevistados acreditam que ela está na direção errada, o que elevou de 32% para 88% a expectativa negativa para a economia.
Apesar disso, indicação do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, para presidir a autoridade monetária foi aprovada por 62% dos entrevistados. A maioria (56%) acredita que ele tomará decisões técnicas à frente do órgão, mesmo sob indicação do presidente Lula ao cargo, enquanto a menor parte (44%) aposta em decisões sob influência política.
Expectativas para as política nacional
70% dos entrevistados acreditam que Lula será candidato nas eleições de 2026 (eram 86% em março). Além disso, a Quaest mostra que 34% acreditam que o petista será o favorito no pleito. Em março, esse percentual era de 53%, sendo derrotado em todos os oito cenários projetados para um eventual segundo turno, assim como Fernando Haddad.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é considerado por 78% como o mais provável candidato da direita em 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) siga inelegível.
Pesquisa Quaest
A pesquisa, realizada a pedido da Genial Investimentos, entrevistou 105 gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro em fundos de investimento com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 29 de novembro a 3 de dezembro. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para mais ou para menos.