Governo federal se posicionou contra as declarações do CEO do Carrefour
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Governo federal se posicionou contra as declarações do CEO do Carrefour

A decisão do CEO global do Carrefour , Alexandre Bompard , de suspender a compra de carnes do Mercosul e questionar a qualidade do produto desencadeou uma série de reações no Brasil .

Frigoríficos , associações agropecuárias e até o governo federal se posicionaram contra as declarações, alertando para possíveis impactos no mercado e no abastecimento das lojas da rede varejista no país.  

Na última quarta-feira (20), Bompard anunciou que as lojas do Carrefour na França deixariam de comercializar carne da América Latina, justificando a medida como solidariedade aos produtores franceses, que têm protestado contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. 


A mensagem do CEO foi endereçada a Arnaud Rousseau , presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França ( FNSEA ), foi publicada no Instagram, X (antigo Twitter ) e LinkedIn de Bompard. 

“Em resposta a essa preocupação, o Carrefour quer agir em conjunto com o setor agrícola e assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul. Assumimos hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”, afirmou o executivo.  

Segundo Bompard, a carne sul-americana não atenderia às normas sanitárias e ambientais do bloco europeu, o que causou indignação no Brasil.  

A decisão foi vista como protecionista e gerou retaliações rápidas . Frigoríficos brasileiros como JBS e Masterboi interromperam o fornecimento de carne às lojas do Carrefour no Brasil, o que representa um desafio para a rede, já que a Friboi, da JBS, responde por 80% das carnes vendidas no país.  

O que diz o Carrefour Brasil


O Carrefour Brasil tentou se distanciar das declarações de Bompard, mas sem sucesso: o francês detém 60% da participação na franquia. Em nota, o grupo varejista afirmou que ainda não há desabastecimento nas unidades brasileiras e lamentou a decisão tomada pelos frigoríficos.

“Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade.”, comentou em nota o grupo varejista.

Impactos no consumidor  


Apesar do Carrefour Brasil afirmar que, até o momento, não há falta de carne em suas lojas, especialistas alertam que a interrupção no fornecimento pode gerar desabastecimento em breve. Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, explicou que a carne in natura é reabastecida diariamente e que a falta de produtos será perceptível nos próximos dias.

"Muito provavelmente unidades do Carrefour serão impactadas pela falta de carne, ainda que busquem alternativas emergenciais com outros distribuidores”, disse à CNN.

Embora a França seja um mercado de pequeno impacto para a carne brasileira, representando apenas 0,04% das exportações, especialistas alertam que declarações como a de Bompard podem prejudicar a reputação do Brasil em outros mercados.  

Felippe Serigatti, do Centro de Agronegócios da FGV Agro, minimizou os efeitos na balança comercial, mas ressaltou a importância de proteger a imagem da carne brasileira:  

"O mercado de exportação brasileiro está aquecido, com alta demanda global. Porém, ataques infundados como esse podem afetar nossa credibilidade”, disse.

Além do possível desabastecimento no Carrefour, a polêmica pode aumentar os custos de reposição de produtos e gerar reflexos nos preços da carne, pressionando ainda mais o orçamento dos consumidores.  

Enquanto as negociações avançam entre o Carrefour e os fornecedores, a crise destaca como questões comerciais e políticas podem impactar diretamente o mercado interno, afetando tanto a cadeia produtiva quanto a população.  

Reação do governo e associações  


O Ministério da Agricultura, liderado por Carlos Fávaro, condenou as declarações de Bompard e apoiou a suspensão do fornecimento como forma de resposta. O ministro destacou que o Brasil sempre cumpriu as exigências sanitárias da União Europeia e que o ataque à qualidade da carne brasileira é injustificável.  

Além disso,  44 associações agropecuárias publicaram uma carta aberta repudiando a posição do Carrefour:  

"Consideramos esta posição não apenas infundada, mas também desprovida de coerência com os princípios do livre mercado, da sustentabilidade e da cooperação internacional”.  

O governo brasileiro cobrou uma retratação formal do Carrefour em resposta às declarações do CEO global da companhia, Alexandre Bompard, que anunciou a suspensão da compra de carnes originárias do Mercosul , incluindo o Brasil.

Em comunicado divulgado na semana passada, Bompard questionou a qualidade e o cumprimento de normas sanitárias da carne sul-americana, provocando reações imediatas de autoridades e produtores brasileiros.


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