O boicote do Carrefour contra os fornecedores de carne do Mercosul nos últimos dias gerou forte oscilação nas ações da varejista na Bovespa. Após a queda forte de manhã, a ação reagiu e chegou a subir 5,12%, a R$ 6,98, perto do fim do pregão. No fechamento, no entanto, a alta foi mais modesta: 6,71 (1,05%).
Na manhã desta segunda-feira (25), as ações registraram uma queda de até 5,42%, chegando a R$ 6,28. No início da tarde, reagiram e, às 16h, apresentavam alta de 2,10%, a R$ 6,78. No fim do pregão, alcançaram os 6,98 (5,12% de alta). Mas, no leilão de fechamento, o preço caiu para 6,71.
Retaliado pelos principais fornecedores de carne bovina no país - como JBS, Marfrig e MasterBoi - o boicote foi anunciado na última quarta-feira (20) pelo CEO global da empresa na França, Alexandre Bompard, que interrompeu as compras de carne da região do Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). Segundo ele, os produtos não estavam aderindo aos padrões franceses.
A declaração do CEO global do Carrefour é um aceno ao agronegócio francês, que tem se posicionado contra o acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, assinado em 2019 e previsto para ser implementado em 6 de dezembro de 2024, na próxima reunião do Mercosul.
A proposta gerou protestos em toda a UE , mas a situação se agravou na França, com manifestações de fazendeiros locais que queriam pressionar o governo contra o acordo Mercosul-UE. Para esses produtores, a produção de carnes no Mercosul não segue as mesmas regras, especialmente no contexto ambiental, o que lhes concederia vantagens competitivas injustas.
O que diz o Carrefour Brasil
O Carrefour Brasil tentou se distanciar das declarações de Bompard, mas sem sucesso: o francês detém 60% da participação na franquia. Em nota, o grupo varejista afirmou que ainda não há desabastecimentos nas unidades brasileiras e lamentou a decisão tomada pelos frigoríficos.
“Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade.”, comentou em nota o grupo varejista.
Autoridades reagem
O ministro da Agricultura Carlos Fávaro disse que o agronegócio brasileiro não deve fornecer carne para aos mercados do Grupo Carrefour no Brasil.
“Ora, se não serve para o francês, não vai servir para os brasileiros. Então que não se forneça carne nem para o mercado desta marca aqui no Brasil”, disse Fávaro em evento na Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) na última quinta-feira (21).
O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, disse que está liderando um boicote ao Carrefour e ao Atacadão. “Do jeito que você me trata, eu tenho o direito de te tratar”, afirmou o governador, defendendo o princípio da reciprocidade nas relações comerciais.
“Dentro da lei, dentro dos limites da lei, eles não terão vida fácil aqui no meu estado por ter desrespeitado o nosso país, desrespeitado o agronegócio”, afirmou.