O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista coletiva à imprensa, em Brasília
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 28.12.23
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista coletiva à imprensa, em Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (6), em participação de evento promovido pelo BTG Pactual, que o resultado primário depende do Congresso Nacional. Haddad afirmou também que a meta de déficit zero não é uma meta de governo, mas de país:

"Não é uma meta do governo. Hoje é uma meta do país, porque está em uma lei, a lei orçamentária. Então foi chancelada pelo Congresso Nacional. Mas assim como o resultado da inflação é diferente da meta de inflação. É igual (a meta fiscal), depende de vários fatores, como apreciação das medidas que o governo manda pro Congresso", disse o ministro e acrescentou: "Então, o resultado primário depende do Congresso Nacional."

Segundo ele, a crise que país atravessa nos últimos dez anos é muito mais política do que econômica:

"Sempre defendi defendo é que a natureza da nossa crise de 10 anos foi muito mais política do que econômica. É uma espécie de sabotagem, uma coisa absurda que estava acontecendo. E todo o esforço que nós estamos fazendo é pros Três Poderes se entenderem. Eu sou muito otimista com a economia brasileira, mas a política precisa ajudar."

Haddad culpou a última "década de desorganização" pelos resultados econômicos, lembrando que a desoneração da folha começou num governo petista:

"Então, se a gente não rever os erros de 10 anos para cá, para recolocar o país no trilho, desenvolvimento sustentável, nós vamos tirando o nosso encontro com um futuro prometido e nunca realizado."

O ministro enfatizou que, apesar do arcabouço fiscal oferecer uma margem de 0,25% do PIB e permitir contingenciamentos, que em conjunto poderiam resultar em um déficit de 0,5%, ele reiterou o compromisso de perseguir a meta de zero déficit.

"Nós queremos ir atrás do resultado necessário para cumprir a meta, sem contingenciar. Agora, essas medidas, precisam receber apoio do Congresso Nacional e da sociedade", disse, citando a proposta do ministério de terminar com o Perse, programa que desonerou as atividades culturais durante a pandemia e se estende até hoje.

Haddad ainda brincou:

"Acredito que Deus seja brasileiro mesmo, pela quantidade de oportunidades que nos dá e a gente perde. E ele insiste que o Brasil pode dar certo. Eu acho que o Brasil pode dar certo. Sempre achei que pode dar certo e mais uma vez se abre uma janela de oportunidade. Não é só um fiscal que vai resolver o problema do desenvolvimento brasileiro. São pressupostos arrumar a casa, tem muita coisa por fazer ainda. Eu falava da faxina grossa, mais tem faxina média e a fina, tem muita coisa errada no sistema."

O ministro disse ainda que acredita que o Brasil pode crescer mais de 2% este ano e que já vê projeções nesse sentido.

"Não vejo razão para nós crescermos menos de 2%. A previsão da Secretaria de política econômica é 2,3%, mas já tem gente de mercado falando em mais. Há gente séria falando em 2,5%."

Haddad também ressaltou que os dados de arrecadação de janeiro, embora ainda não divulgados, foram surpreendentes. No entanto, ele ponderou que é importante considerar que se trata apenas de um mês em um ano composto por 12 meses, sendo necessário acompanhar o desempenho ao longo do tempo.

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