Inflação de 2023 deve ficar dentro da meta, contrariando expectativas

IBGE divulga IPCA do ano passado nesta quinta-feira (11); se índice ficar abaixo do teto da meta, será a primeira vez desde 2020

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil - 27/04/2023
Apesar de embates, Banco Centrl e Fazenda conseguiram manter a inflação sob controle

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quinta-feira (11), às 9h, os dados da inflação oficial de 2023 , que deve permanecer dentro do teto da meta, contrariando a expectativa inicial do mercado financeiro. Se confirmado, será a primeira vez desde 2020 que o país consegue cumprir a meta do ano. 

Pelo sistema de metas, o Banco Central (BC) deve ajustar a taxa básica de juros, conhecida como Selic, para atingir uma meta específica de inflação a cada ano, que é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC. 

No ano de 2023, a meta de inflação foi estipulada em 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (de 1,75% a 4,75%).

Desconfiança do mercado é contrariada

No início do ano passado, o primeiro boletim Focus, um relatório divulgado pelo BC com projeções de mais de 100 instituições financeiras do país, indicava que os especialistas esperavam uma inflação de 5,31% para o ano de 2023, ou seja, acima do teto da meta.

Contudo, devido a diversos acontecimentos, a projeção do Focus para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) diminuiu quase 1 ponto percentual ao longo do ano, ficando em torno de 4,46%. 

Pelo IPCA-15, uma espécie de prévia da inflação oficial, também divulgado pelo IBGE, o índice ficou em 4,72%, ou seja, abaixo do teto da meta.

Para o professor de economia e finanças da ESPM, Alexandre Ripamonti, a contenção dos preços no ano passado deve-se à "atuação técnica" do Banco Central, mesmo em meio a um ano turbulento na relação entre BC e governo. 

"Apesar dos embates, o Comitê de Política Monetária conseguiu manter uma postura técnica, que aliada às decisões do Ministério da Fazenda, deram ao mercado uma sinalização positiva", explica. 

Governo e BC

O primeiro semestre do ano foi marcado por pressões do presidente Lula e de integrantes do governo contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta da taxa básica de juros. 

Enquanto o Planalto acreditava ser possível um corte já nos primeiros meses do ano, eles só vieram a ocorrer no segundo semestre. No entanto, na avaliação de Ripamonti, a política monetária foi conduzida de forma correta. 

Para o próximo ano, o professor afirma que é possível que a inflação fique abaixo dos 3,90% previstos no boletim Focus, por conta da sinalização do BC de seguir com o corte nos juros. 

"Isso já está refletido no mercado, então é possível que a inflação venha dentro da meta de novo, principalmente se o Ministério da Fazenda avançar com as propostas de arrecadação e reformas", completa.