O francês Jacques Delors morreu em sua casa em Paris, aos 98 anos, nesta quarta-feira (27). A notícia foi inicialmente divulgada pela agência de notícias France-Presse, citando Martine Aubry, filha de Delors. O Instituto Jacques Delors, grupo fundado por ele em 1996, posteriormente confirmou sua morte.
Conhecido como o "arquiteto incansável da Europa", Delors desempenhou papéis cruciais na criação do mercado único europeu e na introdução do euro. O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou suas condolências, referindo-se a Delors como o "Senhor Europa" em sua homenagem nas redes sociais.
Ministro da Economia durante o mandato do presidente socialista François Mitterrand, entre 1981 e 1984, Delors recusou-se a concorrer às eleições presidenciais de 1995, apesar de ser o favorito nas pesquisas, frustrando as esperanças da esquerda francesa.
Enquanto presidente da Comissão Europeia de 1985 a 1995, Delors foi crucial na construção do mercado único sem fronteiras, abrindo caminho para a moeda comum e supervisionando a expansão da União Europeia de 10 para 15 países.
Apesar de ter dotado a UE de símbolos de Estado, como bandeira e hino, Delors enfrentou desafios ao tentar estabelecer uma Europa administrada por um governo federal para igualar o peso econômico do bloco, encontrando resistência em alguns países-membros, especialmente do Reino Unido da primeira-ministra Margaret Thatcher.
Até seus últimos dias, ele defendeu o fortalecimento do federalismo europeu e alertou contra o nacionalismo e o populismo.
Nascido em 20 de julho de 1925, em uma família da classe trabalhadora de Paris, Delors iniciou sua carreira aos 19 anos no banco central francês após a libertação de Paris durante a Segunda Guerra Mundial. Sua formação em economia na Sorbonne e seu envolvimento no movimento sindical cristão moldaram sua visão política, centrada na estabilidade econômica e no progresso social.