Uma nova pesquisa da Pearson, maior empresa de aprendizagem do mundo, conclui que os profissionais em trabalhos administrativos ou de gerenciamento (na sociologia do trabalho, chamados de ‘colarinho-branco’), estão sob maior ameaça da inteligência artificial (IA) generativa do que os profissionais que realizam trabalhos manuais e operacionais (trabalhadores de ‘colarinho-azul’), à medida que a tecnologia ganha maior força na economia global.
A última edição da série de pesquisas “Skills Outlook” da Pearson, denominada “Gen AI Proof Jobs” (Trabalhos a prova da IA generativa, em português), analisa o impacto da IA generativa em mais de 5 mil empregos, em cinco países – Austrália, Brasil, Índia, EUA e Reino Unido. No Brasil, a pesquisa aponta que os operadores de caixas, de contabilidade/auditoria e de telemarketing são, hoje, aqueles cujas funções mais poderiam ser desempenhadas pela IA generativa. Já os menos impactados são os vinculados à construção civil, operários das áreas de moldagem e fundição e trabalhadores de abatedouros e frigoríficos.
Olhando especificamente para o tempo gasto em tarefas individuais durante uma semana de trabalho, a pesquisa mostra que cerca de 30% de algumas funções administrativas, burocráticas e gerenciais (‘colarinho-branco’) já poderiam ser realizadas pela Inteligência Artificial. Ao mesmo tempo, o estudo conclui que menos de 1% do tempo gasto em tarefas envolvidas em trabalhos braçais e manuais poderiam ser realizados por ela. Profissionais como jardineiros, mecânicos ou pedreiros, que incluem trabalho manual, ainda não podem ser substituídos pela tecnologia.
Já as atividades que demandam alta capacidade de análise crítica serão menos afetadas, uma vez que a tecnologia também é incapaz de substituir habilidades essencialmente humanas como criatividade, comunicação e liderança.
Entre as funções administrativas e gerenciais mais afetadas estão as tarefas repetitivas – como agendar compromissos ou atender e direcionar chamadas – o que poderia ser replicado pela IA generativa com certa facilidade. Dessas atividades, as que menos serão impactadas são aquelas que envolvem tarefas relacionadas à matemática, como engenharia e arquitetura, uma vez que – atualmente – essa tecnologia é notoriamente imprecisa em cálculos matemáticos.
“À medida que os funcionários olham para o futuro, compreender quais empregos estão em risco devido à IA permite que eles se prepararem. Também devemos considerar quais novas funções podem ser criadas pela tecnologia em questão. Trabalhadores e empregadores devem analisar como podem aproveitar esta onda de mudança, juntando o melhor da IA e o melhor das competências humanas, utilizando a ferramentas automatizadas e machine learning para assumir as tarefas repetitivas, a fim de que as pessoas se concentrem em atividades que necessitem de habilidades exclusivamente humanas, como criatividade, comunicação e liderança”, analisa Mike Howells, Presidente da Pearson Workforce Skills.
Trabalhadores mais impactados no Brasil
No Brasil, os profissionais mais impactados (em porcentagem de tempo gasto em tarefas que podem ser automatizadas ou melhoradas pela IA generativa) são:
‘Colarinho-branco’ (administrativos e gerenciais)
- 1. Caixas - 33%
- 2. Escrituração, Contabilidade e Auditoria - 32%
- 3. Operadores de telemarketing - 31%
- 4. Funcionários de faturamento, custos e taxas - 29%
- 5. Cobradores e profissionais de sistemas de cobrança - 29%
‘Colarinho-azul’ (trabalhadores operacionais e manuais)
- 1. Porteiros - 19%
- 2. Produtores químicos e operadores de sistemas -14%
- 3. Operadores de impressoras/gráficas -12%
- 4. Gerentes de manutenção - 11%
- 5. Gerentes de serviço de alimentação - 11%
Trabalhadores menos impactados no Brasil
Os profissionais menos impactados pela IA generativa são:
‘Colarinho-branco’ (administrativos e gerenciais)
- 1. Chefes Executivos - 3%
- 2. Engenheiros Civis - 3%
- 3. Técnicos de Engenharia Elétrica - 4%
- 4. Oficiais de Políticas de Saúde Pública - 5%
- 5. Advogados - 5%
‘Colarinho-azul’ (trabalhadores operacionais e manuais)
- 1. Trabalhadores de manutenção rodoviária - 0%
- 2. Trabalhadores de lavanderia e lavagem a seco - 0%
- 3. Trabalhadores de Moldagem e Fundição - 0%
- 4. Trabalhadores de Abatedouros e frigoríficos - 0%
- 5. Pedreiros - 0%.