Americanas faz acordo com credores de R$ 24 bi

A dívida bruta da empresa era de R$ 37,331 bilhões no final de 2022; entenda

Foto: Reprodução Twitter
Americanas faz acordo com credores de R$ 24 bi

A Americanas  realizou um acordo com seus credores referente ao plano de recuperação judicial. A empresa está programada para receber uma injeção de R$ 24 bilhões, proveniente tanto dos acionistas quanto da conversão de dívidas pelos bancos credores.

A expectativa é que a dívida bruta da companhia seja reduzida para R$ 1,875 bilhão. Em contraste, ao final de 2022, a empresa apresentava uma dívida bruta de  R$ 37,331 bilhões, conforme o dado mais recente disponível.

O acordo foi oficializado nesta segunda-feira (27), recebeu a aprovação de titulares que detêm mais de 35% da dívida da empresa, excluindo os créditos intercompany (credores apoiadores). A empresa de varejo pontuou que outros credores participantes das negociações demonstraram interesse, de forma não vinculante, em endossar o plano, encontrando-se em fase interna de aprovação para se integrarem ao acordo ratificado no hoje.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, maiores acionistas da Americanas, realizarão um aporte de R$ 12 bilhões à empresa, incluindo um empréstimo DIP (debtor-in-possession) de R$ 2 bilhões, destinado a empresas em dificuldades. Os credores, por sua vez, converterão um montante equivalente em ações da companhia. A Americanas esclarece que os demais acionistas terão o direito de preferência. No contexto do aumento de capital, a cada três ações emitidas, será concedido um bônus de subscrição adicional, com um preço de exercício de R$ 0,01.

Após a captação total de R$ 24 bilhões por meio do aumento de capital, a Americanas planeja alocar até R$ 8,7 bilhões para quitar obrigações com credores financeiros.  Esse montante será distribuído por um leilão reverso de R$ 2 bilhões, ou mediante o pagamento antecipado de créditos com desconto, para o qual estão reservados R$ 6,7 bilhões.

Após a conclusão dessas operações, a empresa projeta uma redução significativa em sua dívida bruta, estimando que esta alcance até R$ 1,875 bilhão. Essa iniciativa resultará em uma estrutura de capital mais leve em comparação com a situação atual. Os credores que aderirem ao plano nos termos delineados terão o direito de receber uma parcela do montante de R$ 1,5 bilhão proveniente do pagamento antecipado de créditos, totalizando R$ 6,7 bilhões conforme previsto no plano. Em outras palavras, eles garantirão seu lugar na fila de credores da empresa.

No período de 21 de agosto a 17 de setembro deste ano, a Americanas desligou 1.131 funcionários, sendo 639 demissões voluntárias, e fechou 21 de suas lojas. Atualmente, a empresa mantém 1.785 unidades operacionais. Os dados foram revelados em um relatório mensal dos administradores judiciais da companhia, enviado à  Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no começo de outubro. Em 2023, a empresa fechou um total de 88 lojas.

De janeiro a agosto de 2023, a dívida da empresa em moeda nacional cresceu 5,6%, atingindo o montante de R$ 20,644 bilhões, ao passo que a dívida em dólares apresentou uma diminuição de 1,1%, totalizando R$ 1,068 bilhão.

Histórico

A Americanas entrou em recuperação judicial no dia 19 de janeiro, declarando ter dívida de mais de R$ 40 bilhões. Paralelamente ao processo, veio a revelação de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões no balanço da companhia. Uma expressão que, na época, era usada como eufemismo para a fraude.

O primeiro plano de recuperação foi apresentado em 20 de março aos que possuem debêntures da empresa (títulos de dívida emitidos pela própria para captar recursos). Mas foi rejeitado no fim de maio. Ele previa aumento de capital de R$ 10 bilhões por meio dos acionistas de referência, Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann, são sócios da 3G Capital. O trio tinha o controle do grupo até 2021. Mesmo tendo vendido parte das ações, os bilionários são os maiores acionistas individuais da empresa.