Bradesco é acusado de fazer aliança com ex-CEO da Americanas

A Americanas entrou em recuperação judicial no dia 19 de janeiro, declarando ter dívida de mais de R$ 40 bilhões; entenda

Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia - 19/01/23
Lojas Americanas

A Americanas emitiu uma resposta às acusações feitas pelo banco Bradesco e pelo ex-CEO da varejista, Miguel Gutierrez. No comunicado dirigido à Justiça de São Paulo, a Americanas alega que a instituição financeira e o executivo se envolveram em uma "colaboração questionável" com o objetivo de prejudicar o grupo. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo nesta segunda-feira, (11).

As acusações constam em uma ação do Bradesco, protocolada ainda no início de 2023. Nela, o banco busca antecipar a produção de provas no caso de suposta fraude fiscal. O caso é considerado o mais grave da história do mercado corporativo brasileiro. De acordo com a publicação, a Americanas apresentou cópias de e-mails obtidos por uma investigação interna realizada na empresa. Nas mensagens, Gutierrez, que esteve à frente da Americanas até o final do ano passado, questiona a legitimidade da auditoria interna feita, à época, pela empresa PwC.

“A companhia reitera que o ex-dirigente da Americanas não apresentou contraprovas, em nenhum momento, para os documentos  e fatos apresentados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no dia 13 de junho de 2023, que demonstram a sua participação na fraude, evidenciada novamente em mais dados apresentados nesta manifestação aos autos do referido processo”, diz um trecho da petição. No trecho, a empresa se refere à CPI que foi criada para investigar o caso.

Gutierrez, que possui cidadania brasileira e espanhola, está em Madri. Ele é acusado pela atual gestão da companhia de ser responsável por esconder o rombo bilionário, revelado no início do ano. O executivo, por sua vez, afirmou, em depoimentos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) , em março, e à Polícia Federal (PF), em junho, que nenhuma decisão estratégica era tomada sem a anuência dos principais acionistas de referência da Americanas, notadamente Carlos Alberto Sicupira. À CPI que investiga o caso, Gutierrez já disse que a atual gestão da Americanas tenta blindar Sicupira, além de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles.

Histórico

A Americanas entrou em recuperação judicial no dia 19 de janeiro, declarando ter dívida de mais de R$ 40 bilhões. Paralelamente ao processo, veio a revelação de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões no balanço da companhia. Uma expressão que, na época, era usada como eufemismo para a fraude.

O primeiro plano de recuperação foi apresentado em 20 de março aos que possuem debêntures da empresa (títulos de dívida emitidos pela própria para captar recursos). Mas foi rejeitado no fim de maio. Ele previa aumento de capital de R$ 10 bilhões por meio dos acionistas de referência, Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann , são sócios da 3G Capital. O trio tinha o controle do grupo até 2021. Mesmo tendo vendido parte das ações, os bilionários são os maiores acionistas individuais da empresa.