O Banco Central divulgou nesta terça-feira (7) ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que corou a taxa básica de juros (Selic) de 12,75% para 12,25% ao ano . No texto, a entidade fala em aumento de incerteza com as contas públicas e defende a manutenção da meta fiscal para 2024, que é de deficit público zero.
Segundo o documento, a possibilidade de alterar a meta fiscal, como estuda o governo, já vem afetando os juros futuros, que servem de base para empréstimos bancários.
"O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco", afirma o Banco Central.
"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas", completa.
O BC também ressaltou que seguirá a previsão do mercado financeiro e continuará no ritmo de cortes da Selic, de 0,5 p.p. a cada reunião. Com isso, ao considerar as reuniões de dezembro e janeiro, a Selic ficará em 11,25%.
A autoridade monetária, no entanto, pontuou que houve "esmorecimento" no esforço de reformas estruturais e, também, da disciplina fiscal, em conjunto com outros fatores, têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia.
"O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade," afirma o BC.
Por fim, o texto justifica a redução na taxa de juro pela recente queda na inflação. De acordo com o Boletim Focus, o mercado financeiro estima que o IPCA vai encerrar o ano em 4,63%, dentro do limite de tolerância da meta (4,75%). Para 2024, a projeção está em 3,91%, e, para 2025, em 3,5%, também dentro da margem.
Segundo o BC, houve "desancoragem" da inflação.
“O Comitê avalia que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo Comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária”, cita a Ata do Copom.