Paulo Guedes ao lado de Guilherme Afifi no painel O Ecossistema da Transição Energética Verde
Alexandre Battibugli
Paulo Guedes ao lado de Guilherme Afifi no painel O Ecossistema da Transição Energética Verde

Por Gustavo Basso, em colaboração para o iG

Começou nesta quarta-feira (13) o painel "O Ecossistema da Transição Energética Verde", promovido pela organização Forum Brazil-German Space . Visando a integração de autoridades e empresários brasileiros com seus pares alemães, o evento realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, contou com a presença do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, do governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do cônsul-adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss.

Criador do órgão, Guedes destacou que o Brasil está "condenado" a ter protagonismo na transição energética deste segundo quarto de século. "A segurança energética da Europa está conosco; perdemos as duas primeiras revoluções industriais, que consigamos liderar a terceira", afirmou o economista. 

O ex-ministro de Jair Bolsonaro afirmou ainda que, em decorrência da pandemia de Covid-19 e da Guerra da Ucrânia, ocorreu uma cisão geopolítica em torno das duas grandes potências econômicas. Desta reorganização das cadeias produtivas surge o potencial de o Brasil se reindustrializar por conta das vantagens apresentadas pelo país.

Para Tarcísio, São Paulo tem papel crucial no processo de reindustrialização, com a utilização da tecnologia alemã aliada à energia verde brasileira, e a infraestrutura presente, por exemplo em Cubatão, para receber estes investimentos.

"Petróleo do futuro"

Com o esforço global para a substituição dos combustíveis fósseis, como carvão  e petróleo, se intensificando nos últimos anos, o H2 é visto como o substituto ideal para este processo de "desfossilização" energética.

Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), Reino Unido, Japão, China e União Europeia já definiram ambiciosas metas e estratégias para desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde.

Obtido por meio da eletrólise da água com uso de fontes de energia renováveis, o H2 verde apresenta uma oportunidade para o Brasil, que já gera quase 83% da sua energia elétrica com fontes renováveis, sobretudo hidráulica e eólica. "O mundo precisa do Brasil", crava Alexander Becker, CEO da siderúrgica GMH Gruppe, voltada para produção de aço com baixa pegada de carbono. Becker explica a posição estratégica do país neste momento.

Evento contou com palestras no Palácio dos Bandeirantes
O cônsul-adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss
O Fórum debateu O Ecossistema da Transição Energética Verde
Paulo Guedes foi requisitado durante o evento
O cônsul-adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss
O cônsul-adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss
Paulo Guedes discursou no Palácio dos Bandeirantes
O ex-ministro da Economia Paulo Guedes
Evento no Palácio dos Bandeirantes
Empresários, políticos e autoridades participaram do evento
Evento reuniu autoridades no Palácio dos Bandeirantes
Evento contou com palestras no Palácio dos Bandeirantes
O ex-ministro da Economia Paulo Guedes
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ex-ministro Paulo Guedes
O cônsul-adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss
Paulo Guedes discursou no Palácio dos Bandeirantes
Evento no Palácio dos Bandeirantes

"O mundo precisa urgentemente de hidrogênio limpo, e tudo que o mundo precisa já está aqui: há sol para energia solar, há vento para energia eólica, há produção hidrelétrica em volume único no mundo; o Brasil larga na frente nesses quesitos, porque pelos próximos cinco ou dez anos nenhum país, nem a China, será capaz de igualar estes números", afirma, destacando que é a oportunidade de o país alcançar o lugar no mundo que merece.

"Investimentos paulistas"

No mundo já há uma corrida pela produção do hidrogênio. O Oriente Médio está apostando no hidrogênio como commodity para formar a base das novas relações bilaterais de comércio de energia e manter sua posição como principal fornecedor de energia para o mundo. Ainda de acordo com a CNI, desde 2021, foram anunciados 131 novos projetos de larga escala em hidrogênio, com investimentos previstos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030. 

O fórum busca fortalecer estes investimentos com base na parceria entre os dois países. A siderurgia tradicional utiliza carvão mineral e emite quase 2 toneladas de CO2 na atmosfera para a produção de 1 tonelada de aço. Em média, cada alemão consome 400 kg de aço a cada ano, contra 100 kg por ano dos brasileiros. 

Com o uso de fornos elétricos, a GMH consegue reduzir esta pegada para 400 kg de CO2 por tonelada de aço, e isso pode ser reduzido a 100 kg caso a produção seja feita no Brasil, com energia renovável e mais barata. O que exigiria, no entanto, investimentos.

Para o governador de São Paulo, a cidade de Cubatão, na baixada santista, é a melhor opção para receber estes investimentos. Um estudo realizado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostra que São Paulo e Rio de Janeiro são os Estados com maior potencial para a geração de biogás – em grande parte por conta do bagaço da cana-de-açúcar descartado.

"Lá já temos dutos para gás e etanol, linhas de trem, geração elétrica, o porto de Santos, rodovias, e um parque industrial que vem sendo abandonado", defendeu o governador a respeito da cidade que já foi considerada a mais poluída do mundo. Parte desta fama por conta de indústrias pesadas "sujas", como a antiga Cosipa, hoje Usiminas, e a refinaria Presidente Bernardes. 

O cônsul-adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss
Renato Pizzutto/iG - 13.09.2023
O cônsul-adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiss

Quem também aposta no bagaço da cana como matéria-prima para uma indústria mais verde é Claus Suter, fundador da alemã Verbio, voltada para combustíveis e indústria química com o uso de biomassa. Em sua fala no Palácio dos Bandeirantes, Suter reiterou a opinião do Brasil como central neste processo de transformação.

"O Brasil possui a agricultura mais profissional do mundo; o único concorrente à altura, os EUA, possuem seis meses de inverno; todo esse excedente produtivo, desde os grãos de soja até palha de milho e resíduos granjeiros podem ser usados para a produção de metano, e a partir de aí, há inúmeras possibilidades", afirma.

Uma destas possibilidades destacadas é a produção de fertilizantes. Atualmente o Brasil é dependente da importação de fertilizantes da Rússia, maior produtor do insumo e que usa o petróleo como matéria-prima. A invasão da Ucrânia, no entanto, causa insegurança neste fornecimento, tornando o ainda mais urgente o desenvolvimento de alternativas.

Algo que a Alemanha já vem realizando no campo energético. Antes mesmo da Guerra, o país já temia a dependência do gás russo, responsável na época por um terço das importações de gás – algo que aumentou após a decisão alemã de fechar suas usinas nucleares. O resultado da invasão e dos embargos aplicados à Rússia foi a substituição por gás que chega em navios ao país, o que encareceu em quase 300% o produto. 

Diante disso, Suter é categórico: "Para mudanças desta natureza, o apoio político é essencial, e este apoio o Brasil ainda precisa provar ser capaz de fornecer".

O próximo encontro do Fórum acontece nesta quinta-feira, dia 14 de setembro, às 12h, na Sala de Encontros da Aguzzo Cucina Pinheiros, na Rua Simão Álvares, 325.

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