Ata do Copom diz ser pouco provável corte superior a 0,5 p.p. na Selic

Na última semana, BC cortou os juros em 0,50 ponto percentual

Foto: Agência Brasil
Banco Central

O Banco Central divulgou nesta terça-feira (8) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu pela redução de 0,50 ponto percentual (p.p.) na taxa básica de juros (Selic) de 13,75% para 13,25% ao ano . No texto, o BC afirma ser "pouco provável" um corte superior ao último.

Na última semana, os juros futuros apontavam que havia uma probabilidade superior a 30% de um corte de 0,75 p.p. na próxima reunião. 

"O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva", diz trecho da ata.

Apesar do alerta, o BC diz que uma alteração na dinâmica inflacionária poderia, sim, acelerar o ritmo de cortes na Selic.

"Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços."

Para as próximas reuniões, o Copom sinalizou que manterá corter da ordem de 0,5 p.p. na taxa de juros. 

"Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário."

5x4

Na última reunião, o placar foi de 5x4 para um corte de meio ponto percentual. Quatro diretores da autoridade monetária votaram pelo corte de 0,25%.

"Alguns membros deram mais ênfase à dinâmica recente, enquanto outros enfatizaram que os fundamentos subjacentes para a dinâmica da inflação de serviços ainda não permitem extrapolar com convicção o comportamento benigno recente."

Esse grupo também pontuou que o BC havia sinalizado quedas "parcimoniosas" da taxa de juros:

"Um grupo defendeu uma redução da taxa de juros mais parcimoniosa. Para esse grupo, a própria sinalização do Comitê já enfatizava a cautela e a parcimônia em tal conjuntura e, na opinião desses membros, não se observaram alterações relevantes no cenário ou projeções do Comitê que justificassem uma reavaliação dessa sinalização.", disse o comunicado.

Já os cinco que formaram maioria pelo corte maior, incluindo o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, pontuaram a importância da manutenção da meta de inflação em 3% para o ano de 2026. Para esse grupo, era possível iniciar os cortes em ritmo "moderado".

"Outro grupo considerou que a postura de política monetária em patamar significativamente contracionista permite um início do ciclo já no ritmo moderado considerado para as próximas reuniões, sem detrimento do comprometimento com a meta e a credibilidade da política monetária. Esse grupo enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado, a reancoragem parcial relativamente célere após a definição da meta pelo CMN e a adequação de recalibrar a taxa de juros real em função dos movimentos nas expectativas de inflação."

Arcabouço fiscal

Por fim, a ata alerta que, apesar da expectativa positiva, ainda há incertezas quanto ao desenho final do arcabouço fiscal, o que deve contribuir para a queda menor das expectativas de inflação.

"Alguns membros avaliaram que persiste alguma incerteza entre os agentes sobre a superação dos desafios fiscais, evidenciada nas expectativas de resultado primário que divergem das metas estabelecidas pelo governo, e que isso pode também estar se refletindo em expectativas de inflação desancoradas para prazos mais longos."

Mesmo assim, o documento alerta que, se as metas propostas pelo texto forem cumpridas, seria possível ampliar o corte na Selic.

"A ancoragem das expectativas em torno das metas previstas no novo arcabouço fiscal, com a manutenção do compromisso fiscal externado, além de uma diminuição das incertezas acerca das medidas tributárias que fundamentam a execução de tal objetivo, contribuiria para um processo desinflacionário mais célere."