O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou nesta quarta-feira (26) uma redução expressiva na taxa básica de juros (Selic)
na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para os dias 1º e 2 de agosto.
A taxa Selic está em 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016, com isso, o uro real, ou seja, descontado a inflação, que está em 3,16% em 12 meses, supera 10%.
"Você vai manter os juros reais na casa de 10%? O segundo país do mundo com a maior taxa de inflação está em 6%, quatro pontos abaixo da nossa (taxa básica de juros). Ou seja, você precisa de oito reuniões do Copom para chegar no segundo colocado, precisa colocar oito vezes em 0,50 para chegar na taxa de juros do México, que está com uma taxa de inflação maior que a nossa", disse em entrevista ao portal Metrópoles.
O ministro afirmou ainda que a expectativa "mínima" da Fazenda é que o Copom siga a expectativa do mercado, que precifica redução de 0,5 pontos percentuais.
"Eu não quis falar a minha opinião para não atrapalhar nada, o mercado está precificando um corte de 0,50 (na próxima reunião). Espero que fique no mínimo em linha com projeções (do mercado até o fim do ano)", disse.
O ministro também foi perguntado se o novo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, poderia ser uma indicação do governo à presidência do Banco Central. Galípolo era secretário-executivo da Fazenda quando foi indicado ao cargo.
Haddad declarou que a decisão final caberá ao presidente Lula, mas disse que Galípolo poderia “ocupar várias funções no governo”, por ter qualificação técnica e bom trânsito político.
"É uma grata surpresa para a política, uma pessoa que nunca participou da vida pública e teve uma estreia muito enriquecedora. Sempre é bom saber conversar, onde quer que você esteja. Quando você vai ser presidente do Banco Central, você precisa saber se comunicar bem, transmitir ideias firmes, passar segurança para as pessoas. Chega em determinado escalão, que o técnico e político convivem na mesma pessoa", disse.
A reunião do Copom de agosto será a primeira que o governo terá duas vozes, a de Galípolo e de Ailton de Aquino, novo diretor de Fiscalização, as primeiras indicações de Lula à cúpula do BC. As próximas duas vão ocorrer no início de 2024.