Votação final do arcabouço em julho não preocupa, diz Haddad

Nova data não deve interferir na elaboração do projeto de lei do Orçamento de 2024

Fernando Haddad discurso no evento da Fiesp
Foto: Reprodução
Fernando Haddad discurso no evento da Fiesp

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad , disse, na noite desta terça-feira (20), não estar preocupado, assim como a equipe econômica do governo, com a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de votar o arcabouço fiscal pela segunda vez na Casa só no início de julho. O texto continua no Senado, mas deverá ser aprovado com alterações, retornando à Câmara.

Segundo Lira, a nova data não deverá interferir na elaboração do projeto de lei do Orçamento de 2024.

“Esse arcabouço era para ter ido para o Congresso em agosto. Nós mandamos em abril, ele já está praticamente aprovado. A primeira semana de julho é prazo mais que suficiente para fazer a peça orçamentária com base na nova regra fiscal”, declarou o ministro.

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Para o ministro da Fazenda, as negociações do novo arcabouço e do projeto que retoma o voto de desempate do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) estão avançadas. Segundo Haddad, a reforma tributária, cuja votação também está prometida para a primeira semana de julho, deverá exigir mais articulação política. “Vai dar muito trabalho negociar [a reforma tributária]", disse.

Haddad voltou a ressaltar a importância da aprovação da reforma para destravar a economia do país. “Vamos adotar um regime tributário que tem vigência em 150 países e funciona melhor do que a nossa economia hoje”, afirmou.

Ele procurou tranquilizar setores resistentes à reforma, como os serviços e parte do varejo, dizendo que o Simples Nacional (regime para micro e pequenas empresas) e que setores como saúde e educação terão tratamento diferenciado.

Taxa de juros

Haddad também confirmou o almoço que teve com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, fora da agenda oficial. Segundo o ministro, o encontro, ocorrido no dia anterior, serviu para “trocar percepções” na semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

“A gente, às vezes, almoça junto para discutir as coisas, discutir a economia brasileira, trocar informações. E trocar percepções também sobre como podemos interagir mais”, disse o ministro após se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

O encontro ocorreu na segunda-feira (19) num restaurante de Brasília e não foi divulgado na agenda. Nesta terça (20) e quarta (21), o Copom reúne-se para decidir a Taxa Selic (juros básicos da economia). Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, os analistas de mercado esperam a manutenção da Selic em 13,75% ao ano e uma eventual redução a partir de agosto.

O ministro reiterou declarações em favor da “harmonização” entre as políticas fiscal (gastos públicos) e monetária (juros). “Ele [Campos Neto] me apresenta argumentos, eu apresento argumentos a ele, no sentido de buscar convergir. Nós temos uma relação pessoal e institucional que exige encontros periódicos que são feitos com muita naturalidade”, declarou.

Segundo Haddad, há expectativas boas de queda da inflação e de queda da Taxa Selic nos próximos meses. “Temos perspectiva de chegar a uma Selic moderada até o fim do ano”, afirmou. O ministro evitou afirmar se a redução de juros deveria começar agora, mas na segunda-feira (19) tinha dito que a Selic deveria ter começado a cair em março, diante da queda das projeções de inflação.