Campos Neto: 'Sou muito contra' moeda comum entre Brasil e outro país

Presidente do BC disse que já presenciou duas tentativas de criação de moeda comum entre Brasil e Argentina

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, critica possível moeda comum
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 05/04/2023
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, critica possível moeda comum

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (2) que é contra a criação de uma moeda comum entre o Brasil e outros países para a realização de transações comerciais.

"Eu sou muito contra. Quando você tem uma moeda que resulta da união de duas moedas, a interseção seria uma mistura da realidade de dois países, seria um mix da inflação de dois países ", disse Campos Neto, em evento do Valor Capital Group nos Estados Unidos.

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O presidente do BC acrescentou que já presenciou duas vezes uma tentativa de se criar uma moeda comum entre Brasil e Argentina. "Em ambos os casos, eu fui contra", declarou.

Moeda comum é defendida por Lula

A ideia de criar um moeda comum entre o Brasil e outros países tem sido defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para fortalecer parcerias comerciais, diminuindo a dependência do dólar.

Nesta semana, em reunião com líderes de 11 nações sul-americanas , Lula defendeu a criação de uma "unidade de referência comum para o comércio" na região.

No início do ano, o presidente já havia defendido uma moeda comum com a Argentina . "Se dependesse de mim, o comércio exterior sempre seria feito nas moedas dos países para não depender do dólar. Por que não tentar criar uma moeda comum entre os países do Mercosul? Por que não tentar criar uma moeda comum entre os países do Brics? Com o tempo, isso vai acontecer, e é necessário que aconteça", disse Lula, em visita ao país vizinho na ocasião.

Em visita à China em abril, foi a vez do presidente defender moeda comum com os Brics , grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Por que todos os países são obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Por que não o iene? Por que não o real?", questionou na ocasião.