Campos Neto diz que inflação 'vai engrenar uma melhora'

Presidente do Banco Central disse que os preços devem desacelerar mesmo com melhora da economia

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursando
Foto: Raphael Ribeiro/BCB - 24/09/2020
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursando

O presidente do Banco Central , Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (30) que o cenário inflacionário deve "engrenar uma melhora" mesmo com o crescimento da economia acima do esperado. Ele deu a declaração ao ser homenagenado pelo Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) com o prêmio Inovação para o Desenvolvimento Econômico.

Campos Neto disse ainda que a inflação está "clareando um pouco" e rebateu as críticas quanto à política monetária da instituição. 

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"Quando a gente pega a atividade econômica no Brasil, a gente tem também uma notícia boa. Então, a gente tem aqui nesse curto prazo, eu sempre digo, que o cenário está clareando um pouco porque a gente tem uma inflação que parece que vai engrenar uma melhora, mesmo que lenta e ao mesmo tempo em que a atividade tem surpreendido para cima", afirmou.

O presidente do Banco Central, porém, alertou que a expectativa para inflação no longo prazo segue em alta por conta de ruídos em torno de uma eventual mudança na meta de inflação. 

"Em termos de expectativa de inflação, a gente começou a ver nas últimas semanas os números melhorando um pouco, de 2023 melhorou bastante na ponta; de 2024, a gente tem alguma resiliência, mas já vê alguma melhora. Quando a gente pega as inflações de mercado, a gente vê alguma melhora, mas quando olha de uma forma geral, as expectativas de inflação de longo prazo, ainda tem um número bastante elevado, 4% contra uma meta de 3%", declarou. 

Ele afirmou que se a meta de inflação de 2024, que é de 4%, for mantida, atrelada à aprovação do arcabouço fiscal, as previsões devem ser mais otimistas. 

"Houve um grande ruído sobre qual deveria ser a meta de inflação e muita gente entendeu que o governo ia aumentar a meta de inflação, as expectativas em parte se deslocaram. Então, parte do deslocamento está relacionando a isso, parte está relacionado ao fiscal, a incerteza e isso está sendo endereçado. A gente entende que isso deve melhorar", afirmou Campos Neto.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne em junho para debater uma possível mudança na meta de inflação.