A cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) abriu fogo contra o Banco Central nesta quarta-feira (22), após o Comitê de Política Monetária (Copom) optar pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%
, maior patamar desde novembro de 2016, mantendo o Brasil como o país com o mair juro real do mundo.
O governo federal tem sido crítico ferrenho da atuação da autoridade monetária e do seu presidente, Roberto Campos Neto.
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Após o comunicado do Copom, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, citou nominalmente Campos Neto e disse que ele não entendeu "o seu compromisso com o Brasil":
"Roberto Campos, explica: como empresários podem captar recursos c/ os maiores juros do mundo? Como investir se o dinheiro aplicado rende 8% reais? Vc ñ entendeu seu compromisso c/ o Brasil? Seus juros só beneficiam rentismo e quem ñ produz. Sua política monetária já foi derrotada."
O deputado federal Lindbergh Farias também fez uma postagem em suas redes na qual classificou a decisão como "covardia".
"Covardia o Copom manter Selic em 13,75%. Não estão preocupados com o Brasil e o povo brasileiro. Estão agindo de forma irresponsável para aumentar recessão, desemprego e sabotar o governo do presidente Lula. Temos que reagir contra isso!", disse no post.
Em outro post, o deputado diz que ou Campos Neto "desiste de sabotar o Brasil ou irei defender sua demissão de imediato":
"O Banco Central acaba de decidir manter a taxa Selic em 13,5% Simplesmente, A MAIOR TAXA DE JUROS DO MUNDO! Chamei o presidente do BC, que é amigo de Bolsonaro, para explicar essa decisão ABSURDA. Ou desiste de sabotar o Brasil ou irei defender sua demissão de imediato."
Outro apoiador do governo que criticou Campos Neto foi o deputado Guilherme Boulos, que mencionou a convocação do presidente do BC para "se explicar" na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara:
"ABSURDO! Vamos convocar Campos Neto na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara para se explicar! Não é possível que esses juros abusivos sejam mantidos no Brasil", diz o post do deputado.
O presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, também criticaram o BC em meio à definição dos juros.
"O que o presidente do Banco Central está fazendo é um desserviço com a nação brasileira. Ele elevou a 13,75% esse patamar de juros quando a inflação estava em torno de 10%. Hoje a inflação fica um pouco acima de 5%. Então, o que justifica a mesma dose de remédio?", questionou Rui Costa.
Haddad criticou a ata da reunião, que sinaliza ainda possíveis elevações na Selic na próxima reunião, que ocorre daqui a 45 dias.
“No momento em que economia está retraindo, o Copom chega a sinalizar uma subida da taxa de juros. Lemos com muita atenção, mas achamos que realmente o comunicado preocupa bastante”, declarou Haddad ao deixar o Ministério da Fazenda.