Lojas Americanas
Luciano Rodrigues
Lojas Americanas

O Grupo Americanas informou em comunicado ao mescado neste sábado (14) que as "inconsistências contábeis" somam R$ 40 bilhões, e não R$ 20 bilhões como o divulgado anteriormente pela empresa. 

Segundo a varejista, os reajustes podem impactar nos resultados finais de exercícios anteriores, com “alteração do grau de endividamento da empresa e/ou volume de capital de giro, implicando, acarretando o vencimento antecipado e imediato de dívidas em montante aproximado de R$ 40 bilhões”.

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A Americanas diz ainda que o banco BTG Pactual já cobra um vencimento antecipado de mais de R$ 1,2 bilhão. 

Com isso, a rede de lojas pediu e conseguiu na Justiça proteção contra credores que queiram antecipar o pagamento de dívidas. O juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, concedeu uma tutela cautelar para suspender vencimentos antecipados e efeitos de inadimplência da companhia.

A decisão foi referendada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial. 

Entenda o caso

A Americanas informou na quinta-feira (11) a descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões após inconsistências em lançamentos contábeis em exercício anteriores. O caso foi divulgado pela própria empresa em Fato Relevante aos investidores.

A notícia provocou a renúncia do CEO da empresa, Sério Rial, dez dias após assumir o cargo. O diretor de Relações com Investidores, André Covre, também foi desligado da Americanas após ser empossado no último dia 2 de janeiro.

Ambos os cargos serão ocupados interinamente por João Guerra. Rial deverá colaborar de forma independente com o corpo acionário da empresa e continuará como presidente do Conselho de Administração do Santander.

O anúncio do rombo já teve forte repercussão no mercado financeiro. As ações da empresa caem 75% e estão cotadas a R$ 3. Já o Ibovespa cai 0,78%, com pouco mais de 111 mil pontos.

Em conferência com empresas de investimento, Rial explicou que o rombo estava lançado na linha de fornecedores e não na dívida ativa da empresa. Se ajustar para a linha de endividamento, a situação financeira da Americanas poderá degringolar consideravelmente, apontam analistas.

Atualmente, a previsão bruta de endividamento da empresa no terceiro trimestre é de R$ 8,6 bilhões. No líquido, esse valor cai para R$ 5,3 bilhões.

Economistas e analistas do mercado financeiro afirmam ser de difícil previsão o rombo da empresa para 2022. A análise divulgada pela empresa na quarta é apenas uma preliminar. O resultado total para o ano passado deverá ser divulgado apenas em março.

“Ainda não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial. Entre as inconsistências, a área contábil identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores”, disse o comunicado da empresa.

Ao mercado, Rial previu que os erros na contabilidade são frequentes há pelo menos quatro anos. Ele não justificou o motivo das inconsistências, mas o mercado acredita que a empresa não deu conta do crescimento de vendas, principalmente no e-commerce.

Nesta quinta-feira (12), o ex-CEO da Americanas foi questionado sobre a agilidade no encontro dos problemas financeiros da empresa. Segundo Sérgio Rial, “o nível de transparência e vontade da própria gestão de falar sobre os problemas talvez não estivesse tão fluida como deveria”.

O que acontece a partir de agora

Além da saída de Rial e Covre, a empresa deverá aguardar a contabilização do exercício de 2022 para apontar o real endividamento da empresa dos últimos anos. Isso deverá acontecer apenas no dia 29 de março, data prevista para a divulgação das contas da Americanas aos acionistas.

No Fato Relevante, a empresa ressaltou que abrirá uma investigação para averiguar o motivo das inconsistências contábeis e os responsáveis. Um conselho interno deverá tomar as rédeas do caso. Ainda não há prazo para a conclusão das investigações.

Quando concluída, a apuração será levada para o Conselho de Administração da empresa e entregue aos acionistas. Entre eles estão os donos da 3G Capital: Jorge Paulo Lemman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

A Americanas também deverá ficar de olho da perda de valor de mercado. A queda no preço das ações da empresa deve provocar uma onda de vendas nas peças e derrubar ainda mais o capital da varejista.

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