O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira (7), a taxa básica de juros em 13,75%. A decisão seguiu a linha da última reunião do órgão, realizada no mês anterior.
Segundo o documento divulgado pelo BC, o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) bate de frente com as altas taxas de juros ao consumidor brasileiro. O relatório também destaca fatores externos para a continuidade da taxa, como "uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; a elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada"
A expectativa do mercado financeiro era da manutenção da taxa de juros atual. O Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira (5), apostou na taxa de juros básica em 13,75% para 2023.
As informações, divulgadas pelo Banco Central, prevêm um aumento no PIB brasileiro de 2022 para 3,05%, e um aumento de 0,70% para 0,75% em 2023.
O relatório, no entanto, também informa que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) aumentou para este ano. Segundo as informações divulgadas, a média deste ano passou de 5,91%, há uma semana, para 5,92%. Para o ano seguinte, o BC projeta um aumento de 5,02% para 5,08%. 2024, no entanto, mantêve as expectativas da taxa de 3,50%.
A PEC de Transição do governo eleito causa receio dentro do mercado financeiro. O head de produtos da WIT Invest, Victor Inoue, afirma que o risco fiscal ocasionado pela proposta pode gerar uma série de dívidas para o governo.
"O risco fiscal não está sob controle. A PEC apresentada pelo governo eleito levaria a um déficit de até 2,6% do PIB em 2023 e permaneceria em terreno deficitário pelo menos até 2026. Caso a PEC não seja desidratada, podemos entrar em um cenário de dívida insustentável levando a uma situação de dominância fiscal", disse.
Com aumento dos gastos com a PEC, que pode chegar à um total de R$ 200 bilhões fora do teto de gastos, o CEO da iHUB Investimentos Paulo Cunha ressalta o papel da política no mercado brasileiro: "a transição entre o governo Jair Bolsonaro e o governo Lula é um cenário que causa instabilidade, tanto que em novembro a bolsa brasileira recuou em 1,53%, elevando a aversão ao risco no momento atual."
Sobre a retomada da baixa dos juros no país, Inoue,afirma que a instabilidade sobre o período de transição pode prejudicar a retomada da quedas nos juros brasileiros. "Antes das eleições, esperávamos que o ciclo de queda começasse no início do segundo semestre de 2023. Com a piora do risco fiscal, isso se tornou ainda mais incerto", afirmou.
"Em geral, nos ciclos de juros os ativos de riscos tendem a performar bem. Bolsa e ativos de renda fixa com vencimentos mais longos seriam os mais beneficiados."
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