O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou, nesta quinta-feira (27), que as críticas feitas a ele pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstram sinais de "frustração e desespero" por não ter conseguido realizar todas as reformas prometidas durante a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Paulo Guedes é um ministro que, de baixo do falatório enorme, simplesmente não faz tudo aquilo que anuncia. Não é uma questão de prestar atenção ao que é dito, porque ele mostra incompreensão básica da realidade e, evidentemente, parte para o desespero. Isso mostra o desespero de quem passou a vida inteira esperando um cargo e, de repente, fracassa nessa função", disse, em entrevista à CNN Brasil.
As criticas de Guedes ocorrem no momento em que Jair Bolsonaro se encontra atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na maior parte das pesquisas de intenção de voto.
Guedes criticou o teto de gastos, regra implementada quando Meirelles comandava o Ministério da Fazenda no governo de Michel Temer (MDB), e afirmou que o ex-ministro nem economista é.
Meirelles defendeu a continuidade do Auxílio Brasil no valor de R$ 600. Ele indicou que superar "excepcionalmente" o teto de gastos seria uma alternativa para possibilitar a manutenção do benefício social.
"Criar, primeiro, a excepcionalidade para 2023, aquilo que o mercado chama de waiver [licença temporária das atuais regras fiscais]. Criar uma excepcionalidade dizendo o seguinte: 'Em 2023, nós vamos excepcionalmente superar o teto 'em tanto' e cumprir aquilo'", afirmou.
O ex-ministro apontou que a diferença de R$ 200 do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600, provocaria custo de R$ 53 bilhões.
"Não é possível chegar para a família que precisa dos R$ 600 para comer e dizer que, a partir de agora, são só R$ 400. Não dá, pelo menos durante um bom tempo, até o país ter condições de criar emprego, renda", disse.