A Stara Indústria de Implementos Agrícolas, com sede em Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul (RS), emitiu um comunicado interno afirmando que irá "reduzir sua base orçamentária em pelo menos 30%" caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições em 2º turno.
Como justificativa, a empresa alega que o cenário trará instabilidade política e possíveis alterações na política econômica. A Stara diz ainda que o corte pode acarretar redução no poder de compra, "desencadeando um aqueda significativa" na produtividade da fábrica (O comunicado está no final da matéria).
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Relação com Bolsonaro
O presidente da empresa é Átila Stapelbroek Trennepohl, filho de Gilson Larri Trennepohl, um dos principais doadores de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), tendo repassado R$ 350 mil para a reeleição do candidato.
Ele também doou R$ 300 mil para a campanha do candidato ao governo do Rio Grande do Sul e ex-ministro de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, que disputa o segundo turno com Eduardo Leite (PSDB).
O ruralista também doou para outras campanhas bolsonaristas, como a de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, e para o deputado Osmar Terra. Veja a lista completa .
Gilson Trennenpohl presidiu a Stara até 2020, hoje faz parte do Conselho Administrativo.
A companhia foi contemplada com um contrato de R$ 4.7 milhões durante o governo Bolsonaro por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e destinado a investir em projetos de desenvolvimento tecnológico. Desse montante, R$ 1.054.917,78 (22.10% DO VALOR DO CONVÊNIO), já foi pago. Veja o acordo no Portal da Transparência.
Prática pode ser considerada abusiva
Para especialistas, a prática pode ser considerada assédio, mas o documento em si não é comprovatório, ainda dependeria de investigação do Ministério Público.
"Nessa conduta não existe crime, mas existem aspectos que podem enquadrar a empresa em um inquérito civil", afirma Marcelo Crespo, coordenador do curso de Direito da ESPM.
Segundo o especialista, para que a prática configure crime, dependeria de algo mais "físico" na relação entre patrão e empregado.
"Na relação com o funcionário, o empregador não pode restringir manifestações políticas, ou proibi-lo de votar, isso sim pode ser considerado assédio moral. Dizer que vai demitir é uma coação, uma pessoa não pode ser contratada pelo candidato", completa.
Veja o documento enviado pela empresa:
Procurada, a empresa disse se manifestará apenas por meio das redes sociais. Em vídeo, o presidente da empresa, Átila Trennepohl, negou demissões ou tentativa de coação dos funcionários. Veja: