Agentes da Polícia Federal
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Agentes da Polícia Federal

Apesar de fazer um discurso de combate ao crime nas campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro enviou na proposta de orçamento uma redução quase total dos investimentos no governo em repressão e prevenção ao crime pela Polícia Federal. Os dados analisados pela reportagem apontam que os investimentos na área, que foram de R$ 99 milhões em 2021 e de R$ 92 milhões em 2022, cairão para R$ 3 milhões para o ano que vem. A queda nos investimentos foi de R$ 89 milhões, uma queda de 96%.

Por outro lado, os gastos com as despesas correntes na área aumentaram R$ 35 milhões, para R$ 190 milhões, mas o crescimento foi insuficiente para compensar a queda na despesa total para o programa, de R$ 54 milhões. Os números fazem parte da ação orçamentária "Prevenção e Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas e a Crimes Praticados contra Bens, Serviços e Interesses da União".

A área responde pelo foco da atuação policial, como investigações ou operações policiais. Segundo Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados apontam que o governo sinaliza abriu mão de aumentar a capacidade de trabalho da Polícia Federal.

A comparação foi feita usando dados disponíveis no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP), do Ministério da Economia. No caso das despesas livres do governo, foi usado o critério de "despesas discricionárias" que consta no próprio sistema do governo.

"A gente percebe uma redução na modernização e no crescimento de uma forma significativa. É uma queda de quase R$ 100 milhões em investimento e uma redução muito grande naquilo que é uma bandeira eleitoral do presidente. Não se reserva dinheiro para investimento em tecnologia, apenas para manter a máquina rodando", afirmou.

Da mesma forma, outra área que caiu também foi o aprimoramento da infraestrutura da Polícia Federal, que foi de R$ 107,2 milhões para R$ 10,2 milhões. Ao todo, o orçamento de investimentos da PF caiu de R$ 234 milhões para R$ 31 milhões.

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Durante a campanha, o presidente Bolsonaro tem repetido que seu governo é contra a liberação das drogas, na tentativa de fazer um contraponto com seus adversários. Durante o governo, o recorde de apreensão de narcóticos bateu recorde, segundo o Ministério da Justiça. Entretanto, especialistas afirmam que tem aumentado também a passagem de drogas pelo Brasil rumo ao exterior.

De acordo com dados do Escritório da ONU para Crimes e Drogas (UNODC), a produção mundial de cocaína foi estimada em 1,98 mil toneladas. Contudo, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que 50% dessa produção passe pelo brasil, sobretudo com destino à Europa. Na prática, isso significa que das 991 toneladas de cocaína que passam pelo Brasil, 781 não foram apreendidas. Um cálculo feito por Renato Sérgio de Lima indica que, com isso, o faturamento das facções criminosas possam chegar a R$ 335 bilhões, ou 4% do PIB brasileiro.

"O caso do Amazonas é muito claro sobre essa questão da diminuição do investimento: o estado inteiro tem só duas delegacias da Polícia Federal. Há muita coisa a ser feita na segurança. Custeio é importante porque precisa ter essa capacidade, mas ainda assim estou tirando 54 milhões de reais da área", afirmou.

Segundo os números do orçamento, a maior parte do aumento dos gastos na Polícia Federal será em custeio de pessoal e administração das unidades. Em aposentadorias e pensões, por exemplo, o crescimento será de R$ 44 milhões. No ano passado, o governo Bolsonaro entrou em uma polêmica ao prometer um aumento para as forças de segurança, o que gerou críticas de outros servidores.

O Ministério da Justiça foi procurado para um comentário, mas ainda não recebeu uma resposta.

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