Com uma alta acumulada de 14,72% nos últimos 12 meses — mais do que a inflação geral , de 10,07%, segundo o IBGE —, despesas com alimentos deixaram 18% dos consumidores inadimplentes entre janeiro e junho deste ano. A pesquisa foi feita pela empresa de inteligência financeira e análise de crédito Boa Vista, que entrevistou 1.500 pessoas em todo o país, por meio de um questionário eletrônico. O número é o maior dos últimos cinco anos, quando teve início a série histórica.
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o perfil geral do Portal iG
De acordo com o levantamento, no primeiro semestre de 2022, o pagamento de contas diversas — que incluem despesas com saúde, lazer, educação e impostos — foi o que pesou para 23% dos que acabaram com restrições nos CPFs (nome sujo).
Em segundo lugar, aparece o pagamento das despesas com alimentos, com 18%. O índice foi o maior de todos os semestres analisados pela pesquisa desde 2017.
Em terceiro lugar, o empréstimo pessoal deixou 15% dos consumidores inadimplentes — índice menor do que os 17% registrados no segundo semestre do ano passado, mas igual ao dos primeiros seis meses de 2021.
Desemprego e menos renda
A pesquisa também mostrou que, para a maioria dos consumidores negativados (28%), a principal causa da inadimplência continua sendo o desemprego, contra 27% entre julho e dezembro do ano passado. Em segundo lugar, vem a diminuição da renda, apontada por 24% dos entrevistados, contra 21% no segundo semestre de 2021.
"O desemprego é historicamente a principal causa da negativação e segue como tal, apesar de as taxas estarem diminuindo nos últimos meses, segundo o IBGE", avaliou Flavio Calife, economista da empresa.
A pesquisa ainda perguntou aos consumidores com restrições quantas contas estavam em atraso. A maioria (63%) disse ter três ou mais contas em atraso, um ponto percentual a mais do que o registrado no segundo semestre de 2021. Destes, 86% estão há mais de 90 dias inadimplentes (contra 83% no semestre anterior).
Em relação ao valor das dívidas, 56% desses consumidores relataram ter dívidas a partir dos R$ 3 mil. Na pesquisa anterior, este grupo representava 51%.