A pesquisa aponta que houve redução no desemprego em 22 unidades da federação
Márcia Foletto/Agência O Globo
A pesquisa aponta que houve redução no desemprego em 22 unidades da federação

O número de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) no segundo trimestre de 2022 atingiu a marca de 4,3 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral , divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feria (12). No primeiro trimestre eram 4,1 milhões. 

O estado com maior número de desistentes é a Bahia, com 612 mil. Em termos percentuais, frente à massa de trabalhadores, os estados do Nordeste têm os maiores índices: Maranhão (14,8%) e Alagoas (13,7%). No Brasil, esse percentual é de 3,8%. 

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A pesquisa aponta que houve redução no desemprego em 22 das 27 unidades da federação, mas esse índice pode distorcer a realidade, já que não considera os desalentos. 

Para Juliane Furno, doutora em desenvolvimento econômico na Unicamp e Economista-chefe do IREE (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa), longos períodos de crise econômica "desarticulam o tecido social", mantendo o desemprego em patamares elevados por muito tempo. 

"Isso faz com que a retomada da acumulação [do emprego] se dê em patamar qualitativamente superior. O que explica, basicamente é a persistência do desemprego, de formas de desemprego aberto (somando o desalento e a subocupação)".

O percentual de empregados com carteira assinada no setor privado foi de 73,3%. Os maiores percentuais estavam em Santa Catarina (87,4%), São Paulo (81,0%) e Paraná (80,9%) e os menores, no Piauí (46,6%), Maranhão (47,8%) e Pará (51,0%).

O percentual da população ocupada do país trabalhando  por conta própria  foi de 26,2%. Os maiores percentuais eram do Amapá (35,7%), Rondônia (35,3%) e Amazonas (35,0%) e os menores, do Distrito Federal (20,1%), Mato Grosso do Sul (22,6%) e São Paulo (23,2%).

A taxa de informalidade  para o Brasil foi de 40,0% da população ocupada. As maiores taxas ficaram com Pará (61,8%), Maranhão (59,4%) e Amazonas (57,7%) e as menores, com Santa Catarina (27,2%), São Paulo (31,1%) e Distrito Federal (31,2%).

No segundo trimestre de 2022, a taxa composta de subutilização da força de trabalho  (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada) foi de 21,2%. Piauí (42,3%) teve a maior taxa, seguido por Sergipe (37,4%) e Bahia (34,9%). As menores taxas de subutilização ficaram com Santa Catarina (7,0%), Mato Grosso (10,1%) e Rondônia (11,2%).

Renda cai

A pesquisa aponta ainda que o rendimento médio real mensal habitual foi de R$ 2.652, mantendo estabilidade frente ao primeiro tri de 2022 (R$ 2.625) e caindo 5,1% ante o mesmo trimestre de 2021 (R$ 2.794). Comparado com o primeiro trimestre de 2022, as cinco grandes regiões apresentaram estabilidade. Já em relação ao segundo trimestre de 2021, Nordeste, Sul e Sudeste apresentaram queda do rendimento médio.

"As medidas impulsionadas pela reforma trabalhista que flexibilizam a remuneração, a jornada e as formas de contratação e os anos de baixa atividade sindical, ou seja, o menor poder de pressão e barganha dos trabalhadores também contribui para os salários serem espremidos", pontua Furno. 

"[Em 2021], houve variação positiva no Produto Interno Bruto sem geração de postos de trabalho. O que está ocorrendo, neste momento, é o ajuste temporal desse processo, um reflexo de uma recuperação deveras heterogênea", acrescenta. 

Taxa de desemprego segue mais elevada para mulheres e pretos

Segundo o IBGE, enquanto as taxas de desemprego das pessoas brancas (7,3%) e de homens (7,5%) ficaram abaixo da média nacional (9,3%), enquanto as das mulheres (11,6%) e de pessoas pretas (11,3%) e pardas (10,8%) continuaram mais altas no segundo trimestre deste ano.

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, houve diminuição do contingente de desempregados em diversos recortes, mas a distância entre homens e mulheres ainda é grande. A taxa de desocupação das mulheres foi 54,7% maior que a dos homens no segundo trimestre de 2022, embora essa diferença já tenha sido de 69,4% no 1º trimestre de 2012.



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