Em julho, pela primeira vez desde maio de 2020, ou seja, desde o início da pandemia de coronavírus, o Brasil teve deflação . O IBGE informou nesta terça-feira (9) que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA, usado nas metas de inflação) ficou negativo em 0,68%. É a menor taxa da série histórica do IBGE, iniciada em 1980.
Mas, afinal, o que é uma deflação? Em que situações ela ocorre? E que efeitos terá no bolso do brasileiro?
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A deflação é quando, em vez de subirem, os preços da economia, na média, são reajustados para baixo. Ou seja, o índice de inflação fica negativo.
Economistas explicam que isso normalmente ocorre quando há uma anomalia na economia, uma situação atípica - como foi, em 2020, quando vários países do mundo, inclusive o Brasil, fizeram quarentenas para conter as mortes por coronavírus.
No Brasil, em julho, a deflação foi consequência direta de uma mudança no ICMS de combustíveis e energia elétrica. O projeto do governo do presidente Jair Bolsonaro, aprovado pelo Congresso no fim de junho, criou um teto para as alíquotas de ICMS desses produtos com o objetivo de reduzir os preços da gasolina e da conta de luz às vésperas das eleições.
Como os combustíveis e a energia elétrica tiveram queda de preço e esses itens têm forte peso na inflação medida pelo IBGE, o resultado foi que, na média, o índice ficou negativo.
Peso para os mais pobres
Mas isso não significa que o alívio no bolso foi sentido por todos os brasileiros. Para os mais pobres, o peso dos alimentos no orçamento doméstico é muito maior – e o custo da comida continua em alta.
"Na pandemia, a gente teve queda forte da demanda, isso gerou o resultado negativo do IPCA que vimos em abril e maio de 2020, quando houve queda de preços no setor de serviços, nos alimentos, foi mais generalizado. É algo que a gente não está observando este ano", explica Felipe Rodrigo de Oliveira, especialista em IPCA da MAG Investimentos.