A abertura de contas por meio de canais digitais superou pela primeira vez os canais físicos no Brasil. É o que mostra 30ª Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária.
Em 2021, foram 10,8 milhões de contas abertas nos canais digitais
, uma elevação de 66% ante o ano anterior, e 9,9 milhões nos canais físicos, 16% a mais do que em 2020. O levantamento não revela quantas das contas são abertas em bancos tradicionais e quantas em fintechs.
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O levantamento, conduzido pela Deloitte, mostra ainda que o celular já representa 56% das transações bancárias no país. Na sequência, aparecem as chamadas “maquininhas” de cartão (16%), internet banking (14%), caixas eletrônicos (6%), correspondentes bancários (3%), agências (3%) e contact center (2%). Somando celular e internet banking, 70% das transações já são feitas em canais digitais.
"Os resultados da pesquisa refletem o novo perfil de nosso cliente que busca e encontra conveniência, comodidade, segurança e rapidez nos canais digitais dos bancos. Houve uma inequívoca mudança de comportamento dos consumidores nas atividades de diversos setores da economia, que deixam de ir à agência bancária, porque conseguem realizar a quase totalidade das transações nos meios eletrônicos", avalia Isaac Sidney, presidente da Febraban.
Segundo Rodrigo Mulinari, diretor do Comitê de Inovação e Tecnologia da federação, a liderança do celular deve continuar crescendo nos próximos anos, o que é evidenciado por um movimento de maior expansão de movimentação financeira, sendo que antes o grande uso era para consultas. As transações financeiras cresceram 75% de 2020 para 202, enquanto as de consulta aumentaram 17%.
Transações com Pix
Segundo a pesquisa, no período entre março de 2021 e março deste ano, o número de usuários que pagaram mais de 30 Pixs por mês cresceu 809%, enquanto a base geral de usuários cadastrados cresceu 72%. Já a base de usuários que receberam mais de 30 Pix por mês avançou 464%.
O levantamento detectou que o ritmo de expansão de recebimento de mais de 30 Pix por mês em pessoas físicas é maior do que em pessoas jurídicas, o que sinaliza a oportunidade de expansão da ferramenta de pagamentos instantâneos em comércios e serviços.
Mulinari avalia que o sucesso de adesão e do uso do Pix demonstra o interesse do brasileiro em interagir com a tecnologia:
"O meio de pagamento trouxe conveniência e facilidades para os clientes em suas transações financeiras do dia a dia e tem se mostrado uma poderosa ferramenta para impulsionar a bancarização no país. Um dos focos da agenda do processo de evolução do Pix é adicionar funcionalidades e impulsionar as transações entre pessoas e empresas."
Sérgio Biagini, sócio-líder da Deloitte para a indústria de serviços financeiros, empresa responsável pelo levantamento, acrescenta:
"Os bancos têm oferecido mais produtos, mais seguros, e o Pix também é um incentivo para maior uso do celular."
Já são 51 milhões de usuários de Pix com chaves cadastradas. A pesquisa mostra que o número de transações via Pix está crescendo proporcionalmente mais do que o de usuários, o que mostra que as pessoas têm aumentado o engajamento com essa ferramenta. O número dos chamados “heavy users”, que fizeram mais de 30 pagamentos em um mês, saltou 809%, para um total de 3,892 milhões.
Quanto às taxas de recebimento de Pix por parte das empresas, Biagini afirma que estas tendem a aumentar nos próximos anos.
"As empresas ainda não estavam prontas para processar o Pix nos seus sistemas financeiros. À medida que isso começa a acelerar, acho que no próximo ano talvez a PJ ultrapasse a PF no recebimento de Pix", aponta.
Open finance
Com relação ao open finance, a pesquisa mostra que 644 mil pessoas já deram consentimento ao sistema de dados compartilhados. A data base desse dado é abril e mostra alta de 18% ante dezembro.
"O nível de compartilhamento dos dados tende a aumentar à medida que o ecossistema demonstre valor ao cliente final. Ou seja, o consumidor tem que perceber os benefícios do Open Finance, como, por exemplo, a facilidade de consolidação e organização dos seus dados financeiros que lhe proporciona uma melhor experiência bancária", destaca Biagini, da Deloitte.
Sobre o tipo de dados compartilhados, a pesquisa revela que, no caso de pessoa física, até abril de 2022, 33% dos dados compartilhados foram de contas (limite, extrato e saldo), 23% dados obrigatórios (dados cadastrais e informações complementares), 22% para dados de cartão de crédito (limite, fatura e transações), e 22% sobre dados de operação de crédito (direitos creditórios descontados, financiamentos, adiantamentos a depositante e empréstimos).
Em relação à pessoa jurídica, os dados de contas aparecem em primeiro lugar com 34%, seguidos de dados de operação de crédito (30%), dados obrigatórios (20%) e dados de cartões de crédito (16%).
* Com Valor