Setor de serviços avança 0,9% em maio e tem terceira alta em quatro meses
Lorena Amaro
Setor de serviços avança 0,9% em maio e tem terceira alta em quatro meses

Puxado pelos  serviços de tecnologia de informação e transportes de carga, o setor de serviços surpreendeu os analistas e avançou 0,9% na passagem de abril para maio, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (12). É a terceira alta em quatro meses, segundo o instituto. Com o resultado, o setor opera 8,4% acima do patamar pré-pandemia. 

O IBGE também revisou os resultados dos meses anteriores. A queda de janeiro passou de -1,6% para -1,7%, ao passo em que o recuo de -0,1% registrado em fevereiro foi revisto para uma alta de 0,5%. Já o avanço de 1,4% observado em março passou para 2%, enquanto o avanço de 0,2% em abril foi revisado para uma queda de -0,1%.

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Serviços de TI e transporte de cargas puxam alta

Todas as cinco atividades investigadas pela pesquisa acompanharam o resultado positivo, mas os serviços de tecnologia da informação e o transporte de cargas foram os motores que impulsionaram o resultado de maio.
O gerente da PMS, Rodrigo Lobo, explica que o crescimento disseminado entre as atividades se tornou mais frequente pelos efeitos da pandemia, em função da base de comparação baixa, por causa dos efeitos das medidas de isolamento social, especialmente nos serviços de caráter presencial.

O setor de transportes avançou 0,9% em maio, puxado pelo transporte de cargas que cresceu 1,8% no mês e atingiu o ponto mais alto de sua série histórica, iniciada em janeiro de 2011.

"O transporte de cargas, especialmente o rodoviário, além de atender à demanda do comércio eletrônico e do setor agropecuário, também tem sido importante para o setor industrial, notadamente os bens de capital e os bens intermediários, que são as categorias de uso que operam acima do nível pré-pandemia", explica Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa. 

Outro grande impacto no índice geral veio do segmento de informação e comunicação, que também avançou 0,9% em maio. A atividade de tecnologia da informação (TI) cresceu 2,4% e atingiu o maior patamar da sua série histórica.

"As empresas desse segmento, como as de desenvolvimento de aplicativos e as ferramentas de busca na internet, permanecem aproveitando as oportunidades de negócio criadas a partir da pandemia, em que serviços como a digitalização, as mídias digitais, as interfaces remotas de comunicação e o armazenamento de dados em nuvem tiveram aumentos expressivos de demanda por parte das empresas", destaca o pesquisador.

Já o segmento de "outros serviços", que inclui desde atividades de apoio à produção florestal, conserto de automóveis, até imobiliárias e serviços financeiros auxiliares, avançou 3,1%. Com o resultado, a atividade voltou a operar acima do nível pré-pandemia, com alta de 1% em relação a fevereiro de 2020.

Serviços prestados às famílias ainda operam abaixo do pré-pandemia

Já os serviços profissionais, administrativos e complementares avançaram 1% em maio, revertendo o recuo de 0,5% em abril.

Os serviços prestados às famílias, por sua vez, cresceram 1,9% em maio e agora acumulam ganho de 8,1% nos três últimos meses. Apesar do contínuo avanço, esse segmento ainda se encontra 7% abaixo do patamar pré-pandemia e é o único dos cinco setores investigados que ainda opera abaixo desse nível.

"Com a diminuição das restrições, há uma procura maior por esses serviços de caráter presencial, como restaurante e hotéis. Em um nível menor, há também uma busca por atividades de condicionamento físico, como academias, por exemplo", afirma Lobo.

Perspectivas

Economistas avaliam que o setor de serviços deve seguir sua trajetória de recuperação este ano, dado que foi o setor que mais sofreu ao longo da pandemia. Mas não estão no radar altas muito expressivas. Passados os efeitos mais duros da Covid-19, pesa sobre o setor o cenário macroeconômico que combina inflação, juros em alta e desemprego ainda elevado. 

O Índice de Confiança de Serviços (ICS), do FGV IBRE, subiu 0,4 ponto em junho, para 98,7 pontos, o que configura estabilidade. O indicador permanece abaixo dos 100 pontos, nível apontado como neutro, em uma escala que varia de zero a 200.

"O ambiente macroeconômico desfavorável e a incerteza em relação aos próximos meses podem segurar o ritmo de recuperação da confiança do setor,” avalia Rodolpho Tobler, coordenador da sondagem.

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